segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

S. JOÃO PAULO II E A MADAME TYMIENIECKA

                Marco Politi, experimentado vaticanista e Carl Bernstein, jornalista famoso pelo caso Watergate, que culminou com a saída de Richard Nixon da presidência dos EE.UU., escreveram em parceria a melhor biografia, que em vida teve o Papa João Paulo. No alentado volume de quase  600 páginas na tradução portuguesa, os autores dedicam nada menos que 17 páginas ao relacionamento de Tyminiecka e Karol Wojtyla como  padre, bispo e papa.
                Neste artigo, pretendo apenas seguir suas preciosas informações, obtidas em entrevistas dos dois autores com a Madame.
Anna Teresa Tymieniecka nasceu na propriedade  de sua família em Masóvia, na Polônia. Formou-se pela Universidade Jaguielônica de Cracóvia em 1946, sob a  direção do  fenomenólogo Roman Ingarden. Quando o governo comunista começou a apossar-se das propriedades da nobreza polonesa, ela passou a viver em Paris, onde fez mestrado na Sorbonne em 1951 e doutorado em 1952 em Friburgo. Em 1954, Madame Tymieniecka foi para os Estados Unidos, onde ensinou filosofia em Berkeley, na Califórnia, e matemática no Oregon. Fez o pós-doutorado  em Yale e foi professora de filosofia na Pensilvânia.
Em 1972, quando  tinha quarenta e poucos anos, conheceu o livro  A Pessoa Atuante, de Karol Wojtyla. Começou aí um diálogo filosófico com o  autor  que, após quatro anos, resultou, com sua expressiva colaboração, na revisão e edição do livro em  inglês. Esta edição passou a ser a oficial e a Madame  filósofa ficou com os direitos de publicação no mundo inteiro. O cardeal Wojtyla no prefácio da edição inglesa afirma que a Dra. Tymieniecka era responsável pela “maturação do livro” e “sua forma final”. Diz ela do livro de Wotyla: “Uma rápida olhada logo mostrou que essa obra tinha certas afinidades com meu trabalho em fenomenologia. Fiquei espantada,  diz ela, pela ideia de que outro filósofo havia chegado a um ponto de vista tão compatível com o meu. O cardeal respondeu a uma correspondência minha e me concedeu uma audiência em sua residência em Cracóvia. Numa segunda audiência consegui vencer sua relutância em participar de um foro internacional de filósofos, contribuindo com uma monografia.”
Diz ainda a doutora: “Para ter escrito, como escreveu, sobre amor e sexo é preciso saber muito pouco do assunto. Fiquei verdadeiramente estupefata quando li Amor e Responsabilidade (Está traduzido em italiano pela Marietti). A resposta é que ele não teve experiências desse tipo. Ele é inocente sexualmente, mas não em outros campos. Para ser cardeal sob um regime comunista, tinha que ser extremamente astucioso.” E continua ela: “Em Cracóvia nos encontramos algumas vezes para uma excursão, durante a qual seguimos por seis horas, conversando sobre filosofia. Ele era um andarilho entusiasta. Eu mal conseguia segui-lo. Acompanhávamos sempre seu secretário, o Padre Estanislau Dziwiz.”
A  visita do Card. Wojtyla aos Estados Unidos, por ocasião do Congresso Eucarístico Internacional de 1976, realizado em Filadélfia, em comemoração ao bicentenário da Independência americana, foi muito expressiva (Participei desse Congresso e ouvi o Cardeal fazer a homilia em polonês, com um final em inglês).  O  pastor protestante George Williams, professor de Harvard, observador no Concílio Vaticano II e amigo de Tymieniecka convidou o Cardeal para uma palestra em Harvard e a Dra. Tymieniecka apresentou-o à comunidade  daquela Universidade. Essa palestra foi extremamente aceita, inclusive com um artigo no New York Times. Num almoço em Harvard, o marido da doutora, professor Hendryk, um  judeu nascido na Holanda, indicou Wojtyka como o futuro Papa.
A uma indagação sobre atração sexual no seu relacionamento com o Papa, Tymienicka responde: “Vou lhe dizer que não estou interessada em sexualidade. Sou uma senhora polonesa à antiga, que considera que isso não é assunto para conversa nenhuma”.
E concluem os biógrafos de João Paulo II: “Mais tarde, quando ele foi eleito Papa, os repórteres vasculharam o mundo para encontrar alguma mulher, que tivesse sido amante ou companheira de Karol Wojtyla. Não encontraram, porque não existia nenhuma!”

                Essa é a verdade dos fatos. O mais é exploração midiática para atender a interesses escusos...

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