Marco Politi,
experimentado vaticanista e Carl Bernstein, jornalista famoso pelo caso
Watergate, que culminou com a saída de Richard Nixon da presidência dos EE.UU.,
escreveram em parceria a melhor biografia, que em vida teve o Papa João Paulo.
No alentado volume de quase 600 páginas
na tradução portuguesa, os autores dedicam nada menos que 17 páginas ao
relacionamento de Tyminiecka e Karol Wojtyla como padre, bispo e papa.
Neste artigo,
pretendo apenas seguir suas preciosas informações, obtidas em entrevistas dos
dois autores com a Madame.
Anna Teresa Tymieniecka nasceu na propriedade de sua família em Masóvia, na Polônia.
Formou-se pela Universidade Jaguielônica de Cracóvia em 1946, sob a direção do
fenomenólogo Roman Ingarden. Quando o governo comunista começou a
apossar-se das propriedades da nobreza polonesa, ela passou a viver em Paris,
onde fez mestrado na Sorbonne em 1951 e doutorado em 1952 em Friburgo. Em 1954,
Madame Tymieniecka foi para os Estados Unidos, onde ensinou filosofia em
Berkeley, na Califórnia, e matemática no Oregon. Fez o pós-doutorado em Yale e foi professora de filosofia na
Pensilvânia.
Em 1972, quando tinha quarenta e poucos anos, conheceu o
livro A Pessoa Atuante, de Karol Wojtyla. Começou aí um diálogo
filosófico com o autor que, após quatro anos, resultou, com sua
expressiva colaboração, na revisão e edição do livro em inglês. Esta edição passou a ser a oficial e
a Madame filósofa ficou com os direitos
de publicação no mundo inteiro. O cardeal Wojtyla no prefácio da edição inglesa
afirma que a Dra. Tymieniecka era responsável pela “maturação do livro” e “sua
forma final”. Diz ela do livro de Wotyla: “Uma rápida olhada logo mostrou que
essa obra tinha certas afinidades com meu trabalho em fenomenologia. Fiquei
espantada, diz ela, pela ideia de que
outro filósofo havia chegado a um ponto de vista tão compatível com o meu. O
cardeal respondeu a uma correspondência minha e me concedeu uma audiência em
sua residência em Cracóvia. Numa segunda audiência consegui vencer sua
relutância em participar de um foro internacional de filósofos, contribuindo
com uma monografia.”
Diz ainda a doutora: “Para ter escrito, como
escreveu, sobre amor e sexo é preciso saber muito pouco do assunto. Fiquei
verdadeiramente estupefata quando li Amor
e Responsabilidade (Está traduzido em italiano pela Marietti). A resposta é
que ele não teve experiências desse tipo. Ele é inocente sexualmente, mas não
em outros campos. Para ser cardeal sob um regime comunista, tinha que ser
extremamente astucioso.” E continua ela: “Em Cracóvia nos encontramos algumas
vezes para uma excursão, durante a qual seguimos por seis horas, conversando
sobre filosofia. Ele era um andarilho entusiasta. Eu mal conseguia segui-lo.
Acompanhávamos sempre seu secretário, o Padre Estanislau Dziwiz.”
A visita do
Card. Wojtyla aos Estados Unidos, por ocasião do Congresso Eucarístico
Internacional de 1976, realizado em Filadélfia, em comemoração ao bicentenário
da Independência americana, foi muito expressiva (Participei desse Congresso e
ouvi o Cardeal fazer a homilia em polonês, com um final em inglês). O
pastor protestante George Williams, professor de Harvard, observador no
Concílio Vaticano II e amigo de Tymieniecka convidou o Cardeal para uma
palestra em Harvard e a Dra. Tymieniecka apresentou-o à comunidade daquela Universidade. Essa palestra foi extremamente
aceita, inclusive com um artigo no New
York Times. Num almoço em Harvard, o marido da doutora, professor Hendryk,
um judeu nascido na Holanda, indicou
Wojtyka como o futuro Papa.
A uma indagação sobre atração sexual no seu
relacionamento com o Papa, Tymienicka responde: “Vou lhe dizer que não estou
interessada em sexualidade. Sou uma senhora polonesa à antiga, que considera
que isso não é assunto para conversa nenhuma”.
E concluem os biógrafos de João Paulo II: “Mais
tarde, quando ele foi eleito Papa, os repórteres vasculharam o mundo para
encontrar alguma mulher, que tivesse sido amante ou companheira de Karol
Wojtyla. Não encontraram, porque não existia nenhuma!”
Essa é a verdade
dos fatos. O mais é exploração midiática para atender a interesses escusos...