sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

A ESPERANÇA CRISTÃ

Quero transcrever aqui, com alguns poucos comentários, o novo ciclo de catequeses, iniciado pelo Papa Francisco para este ano sobre o tema da esperança, que ele começa chamando “a virtude dos pequeninos”.
            Diz ele: “O tema da esperança cristã é muito importante porque a esperança não desilude como o otimismo. Precisamos muito dela nesta época que parece obscura, na qual nos sentimos perdidos diante do mal e da violência que nos circundam. Perdemos o otimismo.” Estas palavras do Pontífice têm hoje para nós significado especial,  diante dos horrores de Manaus e Roraima. “Mas, continua Papa Francisco, não podemos deixar que a esperança nos abandone, pois com seu amor Deus caminha ao nosso lado. Espero, podemos dizer, pois Deus caminha comigo. Caminha e leva-me pela mão. Deus não nos deixa sós. O Senhor Jesus venceu o mal, abrindo-nos a senda da vida.”
             Mais adiante diz o Pontífice: “Quando estamos na escuridão, nas dificuldades, não sorrimos, e é precisamente a esperança que nos ensina a sorrir para encontrar o caminho, que conduz a Deus. Uma das primeiras coisas que acontecem com as pessoas que se desligam de Deus é que deixam de sorrir. Talvez sejam capazes de dar uma gargalhada ao ouvir uma piada, uma risada... mas falta o sorriso! Só a esperança suscita o sorriso: é o sorriso da esperança de encontrar Deus. A vida é muitas vezes um deserto, é difícil caminhar na vida, mas se nos confiamos a Deus, ela pode tornar-se bonita e ampla como uma rodovia.” Bela esta comparação de Francisco, que apresenta a vida com esperança como uma estrada fácil de ser percorrida, ao contrário da vida com desespero que é como caminhar entre espinhos e pedras. “É suficiente, continua ele, nunca perder a esperança, continuar a crer sempre, não obstante tudo. Quando nos encontramos diante de uma criança, talvez possamos ter muitos problemas e dificuldades, mas o sorriso vem-nos de dentro, porque estamos diante da esperança. A criança é uma esperança!. São eles, os pequeninos com Deus, com Jesus, que transformam o deserto do exílio, da solidão desesperada e do sofrimento numa vereda direta, na qual caminhar ao encontro do Senhor. Vamos ao ponto,  prossegue Francisco: deixemos que as crianças nos ensinem a esperança.”
            E concluindo, o Papa ensina algo muito atual para o Brasil de hoje: “Duas realidades estreitamente ligadas: 1º; a corrupção é o aspecto negativo a debelar, começando pela consciência pessoal e atentos aos espaços da vida civil; 2º; os direitos humanos são o aspecto positivo a promover com decisão sempre renovada, para que ninguém seja excluído do reconhecimento efetivo dos direitos fundamentais da pessoa humana.”

            Que os sábios ensinamentos do bispo de Roma tenham acolhida real e eficaz na vida pública brasileira. É o que esperamos para este Novo Ano.

2017 - ANO DA ESPERANÇA

            O que antigamente se chamava réveillion,  hoje “virada do ano”, foi celebrado em Maceió com profundo sentido cristão. Organizada pela Comunidade Católica Shallon e  presidida pelo Padre Tito Regis Rodrigues, diretor da Casa Dom Bosco e agora nomeado pároco da nova paróquia de S. Miguel Arcanjo, foi celebrada belíssima missa na praia da Pajuçara, antes da tradicional queima de fogos,  realizada pela Prefeitura Municipal, que também deu o necessário suporte para a segurança do evento e a realização ao ar livre do ato litúrgico.
            Também em outras dioceses do Brasil, a Santa Missa e outras celebrações religiosas assinalaram a entrada do Novo Ano, marcada pela esperança cristã.
            Enquanto isso, o noticiário nacional foi abalado pelas horríveis tragédias ocorridas em duas prisões de Manaus e, cinco dias depois, em Roraima, como uma verdadeira metástase do horror, como foi chamada por revista de circulação nacional. O saldo tenebroso de 64 mortes, estrangulamentos, decapitações e outros horrendos crimes em Manaus, foi seguido de 31 assassinatos, com igual crueldade, na vizinha  Roraima.
            Em 4 de janeiro, a CNNB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) emitiu nota oficial sobre o triste acontecimento. De início, cita o Papa Francisco que, na audiência geral daquele mesmo dia, referindo-se a esse massacre, afirmou: “Renovo o apelo para que as prisões sejam lugares de reeducação e reinserção social e que as condições de vida dos reclusos sejam dignas de pessoas humanas.” Comenta a CNBB: “Nestes três pilares mencionados pelo Papa, estão construídas, há muitos anos, a posição e solicitude da Igreja diante da realidade de vida dos encarcerados no Brasil: reeducação, reinserção social e respeito pela dignidade humana. A Igreja tem oferecido sua contribuição na defesa da dignidade dos encarcerados e promoção da justiça social. A CNBB manifesta sua disposição de continuar trabalhando para que se implante uma segurança, que proporcione condições de vida pacífica para os cidadãos de bem e para as comunidades no combate ao banditismo. Por outro lado, a Pastoral Carcerária acompanha as unidades prisionais em todo o país e tem, reiteradas vezes, chamado a atenção para os graves problemas do sistema penitenciário: a superlotação e a falta de estrutura das unidades prisionais, a necessária reeducação e reinserção social dos presos.” Finaliza a CNBB: “Pedimos às autoridades competentes a rigorosa apuração dessa tragédia, na sua complexidade conjuntural e estrutural e, acima de tudo, a busca de um sistema penitenciário justo, digno e humano.”
            Rezemos com o Papa Francisco pelos detentos mortos e vivos, e também por todos os encarcerados do mundo, para que as prisões sejam para reinserir na sociedade e não sejam superlotadas.

E assim queremos afirmar a esperança cristã para o novo ano que começa. Sim, 2017 tem que ser um ano da esperança...