Em todo o tempo de nossa formação salesiana, sempre tivemos idéia bem negativa a respeito da Marquesa Di Barolo,
contemporânea de Dom Bosco. Agora, o
Boletim Salesiano de agosto deste ano surpreendeu
com a notícia de que, neste 5 de maio p. passado, o Santo Padre, o Papa
Francisco, em audiência com o Prefeito da Congregação para as Causas dos Santos,
o salesiano Cardeal Angelo Amato, autorizou a promulgação do decreto
pontifício, declarando a Serva de Deus, Júlia Golbert, leiga, viúva, fundadora
das Congregações das Filhas de Jesus e das Irmãs de Santana, como possuidora de
virtudes heroicas e, portanto, lhe concede o título de Venerável. É o passo
último para, com a aprovação de um milagre, atribuído à sua exclusiva
intercessão, conferir-lhe o título de Beata.
Júlia Golbert é a
Marquesa Di Barolo, que nasceu em
Maulévrier, na Vandéia francesa, em 26
de junho de 1786 e, viúva sem
filhos, faleceu em Turim ( Piemonte -
Itália) em 19 de janeiro de 1864, sendo uma das figuras femininas turinesas
mais carismáticas do século XIX. Casada em 1807 com o Marquês Tancredi Di
Barolo, foi amiga dos personagens mais ilustres da sociedade turinesa do tempo,
como o rei do Piemonte, Carlos Alberto, o Marquês Cavour e o famoso escritor
Sílvio Pellico.
Não tendo filhos
e profundamente religiosa, decidiu empregar toda sua fortuna na assistência aos necessitados de Turim. E é
aí que se encontra com Dom Bosco, que a essa altura, dedicara sua vida aos
jovens pobres e abandonados da capital do Piemonte.
Excelente
biógrafo de Dom Bosco, Pe. Arthur Lenti, nas pgs 465-469 do I volume de sua
nova e monumental obra, em 3 grossos
volumes “Dom Bosco, história e carisma”, dá-nos preciosas informações do que
ele chama “O confronto com a Marquesa”.
Dom Bosco
começara seu Oratório com os meninos de rua de Turim, funcionando na sacristia
de igreja de S. Francisco de Assis, onde encontrara seu primeiro aluno,
Bartolomeu Garelli. A Marquesa o havia contratado como um dos capelães – eram
três – de suas meninas e freiras e D. Bosco para lá levara cada domingo seus
barulhentos meninos. Acontece que os meninos de
Dom Bosco, sempre em aumento, passaram a constituir séria dificuldade
pela proximidade com as meninas da Marquesa e suas obras, todas dedicadas ao público
feminino. Então ela, muito preocupada com a saúde de Dom Bosco e a mistura de suas meninas com os
meninos de Dom Bosco, o convida para um encontro, em que lhe faz duas propostas
precisas: Tomar um tempo de descanso fora da cidade e, no retorno, deixar o trabalho
com os meninos, para dedicar-se exclusivamente às obras da Marquesa, com aumento de salário. Ela dava a Dom Bosco um tempo para pensar e decidir.
Dom Bosco
respondeu-lhe que a decisão já estava tomada e era imediata. Ele deixaria o trabalho
nas obras da Marquesa, para dedicar-se inteiramente aos seus jovens. E aí começa sua peregrinação pelos bairros de
Turim, até encontrar a casa PInardi – uma palheiro – em Valdocco. A Marquesa,
que tanto admirava o “ótimo” Dom Bosco, como diz em uma carta, não deixou de
enviar, com certa frequência, expressivas ofertas de dinheiro, em envelopes anônimos, para ajudar
as Obras de Dom Bosco.
Esta é a
verdadeira Marquesa Di Barolo, agora Venerável...