quarta-feira, 26 de agosto de 2015

O PAPA E OS SALESIANOS


                “É este galego que veio comandar-nos?” – perguntou o arcebispo de Buenos Aires sobre o novo Inspetor, que chegara da Espanha, para assumir a Inspetoria Salesiana da Argentina Sul, com sede em Buenos Aires. Acontece que esse “galego” era o Padre  Ângelo Fernandez Artime, hoje Reitor Mor dos Salesianos, 10º Sucessor de Dom Bosco, e o arcebispo, Jorge Mário Bergoglio, é hoje o Santo Padre, o Papa Francisco. “Foi assim o começo das boas relações,” que conforme declarou recentemente o próprio Francisco, até nos momentos difíceis  o arcebispo teve oportunidade de conhecer cada vez melhor o Inspetor salesiano, que se distingue, disse ele, “pelo serviço e pela humildade”.
            Agora, o encontro do Pontífice com a Família Salesiana, na Basílica de Maria Auxiliadora em Turim, nesse mês de junho passado, por ocasião da comemoração do bicentenário do nascimento de Dom Bosco (16 de agosto de 1815) foi definido por ele como  um mergulho na sua infância , um regresso ideal à sua Argentina. “Os salesianos formaram-me para a beleza, o trabalho e a afetividade, por isso, sinto-me tão agradecido” – disse ele. “Gostaria de vos contar a minha experiência com os salesianos” – falou espontaneamente o papa, entregando o discurso escrito ao Pe. Ângelo. E continuou, narrando alguns episódios relativos à sua família. Começou pelo pai, que quando chegou a Buenos Aires, seus primeiros contatos foram exatamente com os salesianos da paróquia de São Carlos. Era salesiano um dos  primeiros amigos de Jorge Mário, Lorenzo Massa, que fundara com alguns meninos de rua uma equipe de futebol, com as cores de Nossa Senhora, vermelho e azul, o “San Lorenzo de Almagro,” que o Papa Francisco comentava com um sorriso, “é o melhor time da Argentina”. Foi salesiano, o Padre Enrico Pozzoli, quem abençoou o matrimônio dos pais de Jorge Mário, e que o batizou também. “Acompanhou meu Pai e a mim por toda a vida. Ia confessar-me com ele, quando adolescente, e guiou a minha vocação e foi quem me orientou no momento de passar do seminário para a Companhia de Jesus.” Sobre este salesiano, o arcebispo Bergoglio escreveu uma memória em seis páginas datilografadas  publicadas pelo L´Osservatore Romano em 2013. Com sua mãe gravemente enferma, Jorge Mário e dois de seus irmãos foram enviados como internos na escola de Dom Bosco onde, disse ele, “aprendeu a amar muito Nossa Senhora”. Após a morte do pai e do amigo Pe. Pozzoli, o jovem Jorge Mário continuou vínculo estreito com os salesianos e todos os anos, no dia 24 de maio, disse ele “levava flores e rezava à Virgem na Igreja de Nossa Senhora Auxiliadora.” Nessa fala espontânea aos salesianos no bicentenário de Dom Bosco, o Pontífice ainda elogiou no Santo a capacidade  “de educar a afetividade dos jovens, porque sua mãe tinha educado sua afetividade. Regra que é válida também para os salesianos de hoje, aos quais o Papa perguntou se na educação dos jovens citam o exemplo de Mamãe Margarida, “mulher simples e pobre, que fez crescer na afetividade o coração do filho.”



               Continuou o papa Francisco: ”Se é verdade que, no final do século 19, Turim vivia uma sociedade anti-clerical, até demoníaca, e os jovens sem trabalho, sem estudo, viviam pelas ruas, é verdade também que hoje os jovens estão em graves dificuldades, vítimas do desemprego. Dom Bosco recorreu ao esporte e à iniciação às profissões. Depois de dois séculos, os Salesianos devem encontrar uma espécie de educação de emergência. Trata-se de ensinar aos jovens necessitados profissões práticas, que os ajudem a encontrar trabalho, até esporádicos, mas úteis para superar as dificuldades.” E, numa expressão característica  de Papa Francisco, “com o estômago vazio não se pode louvar a Deus”. E continuou: “Não vos esqueçais dos três amores brancos de Dom Bosco:  Nossa Senhora, a Eucaristia e o Papa. Não vos envergonheis de falar de Nossa Senhora, de celebrar a Eucaristia e da Santa Mãe, a Igreja que, pobrezinha, é atacada todos os dias...  O vosso carisma é de grandíssima atualidade. Olhai as estradas, olhai os jovens e tomai decisões corajosas. Não tenhais medo. Como ele fez.  Agradeço-vos tanto pela vossa missionariedade. Obrigado pelo que fazeis na Igreja e  por toda a Igreja.”
          Depois de ter abençoado os jovens presentes, Francisco saudou-os, recordando que “uma das características do verdadeiro jovem que frequenta o Oratório Salesiano é a alegria. Não se pode participar com o rosto triste, com cara de vinagre” – acentuou ele em seu estilo característico. Convidou todos a procurar Jesus, amar Jesus e deixar-se procurar por Ele para O encontrar todos os dias e sobretudo “sempre com alegria”.
                Foi um encontro de um Pai, de um Amigo, de um sincero admirador de Dom Bosco, com seus filhos da Família Salesiana, que vêem nele mais um Pai carinhoso, do que o Pontífice Supremo.


                (Nota: As informações deste artigo foram colhidas no jornal do Vaticano, “L´Osservatore Romano”, e em um comunicado do Pe. Fábio Attard SDB, Conselheiro Geral para a juventude salesiana)

IDEOLOGIA DE GÊNERO

De uns tempos para cá, começou-se a falar em “ideologia de gênero”. Mas o que é isso, afinal? Que importância tem em nosso cotidiano?  Que repercussão essa tal ideologia terá, se aplicada,  na formação de nossa juventude? E afinal, que efeitos esse conceito poderia trazer, se transformado em lei, como pretendem seus fautores mais avançados, para nossa sociedade, que se pretende cristâ?
                  É simples e estarrecedor ao mesmo tempo.  A tal ideologia de gênero, por incrível que pareça, pretende afirmar que a distinção entre os sexos deve ser uma mera escolha de cada um, independentemente de seu aparelho genital,  de sua psicologia específica, de seus gostos e aptidões, que distinguem e sempre distinguirão o homem da mulher e vice-versa.
                Assim, a criança desde seus verdes anos, iria escolher se quer ser menino ou menina, homem ou mulher, sem nada influirem nesta escolha seus órgãos genitais, suas naturais tendências e inclinações. Ninguém nasce homem ou mulher, dizem eles, mas ao longo da vida, vai escolher sua própria identidade. Gênero  -dizem  – é uma construção pessoal, auto-definida e ninguém deve se identificar como homem ou mulher, mas terá que inventar, definir sua própria identidade. Em consequência disso, se ensina que a família é uma instituição antiquada.  Os tempos mudaram – afirmam – e precisamos “abrir a cabeça”.
                O perigo que se corre atualmente é que essa tal “ideologia de gênero” possa ser por força de lei ensinada nas escolas públicas. Desde o ano de 2012, mais de quinze projetos de lei            foram apresentados no  Congresso Nacional, tentando aprovar esta aberração nas escolas públicas do Brasil. Assim, nossas crianças  iriam aprender que elas não nascem meninos ou meninas, mas devem livremente optar por um gênero para si mesmas. Em 2014 – informa o jornal da Arquidiocese do Rio – o Congresso Nacional retirou do Plano Nacional de Educação, em 25 de julho daquele ano, todas as menções da tal “ideologia de gênero”. Este Plano foi aprovado pela Presidente da República com a lei 13.005. No entanto, o Fórum Nacional de Educação, desconsiderando a autoridade do Congresso Nacional publicou, em novembro de 2014, um texto a ser apresentado aos Estados e municípios da Federação, contendo os mesmos termos rejeitados no Congresso Nacional. O texto inclui mais de trinta vezes as equívocas expressões “identidade de gênero” e “orientação sexual”.

                Com o pretexto de combater a discriminação da mulher e dos homossexuais, os fautores da tal “ideologia de gênero” o que desejam  mesmo é desconstruir  a instituição familiar, modificando o conceito cristão de pai e mãe, de filho e filha, do casamento, do sentido religioso da família e de tudo o que compõe seus reais valores. Assim, pretendem destruir o edifício da família no sentido cristão, desconstruindo as idéias religiosas sobre sexo, família e sociedade.