Bem sugestivo é o
título da Exortação Apostólica, com que o Papa Francisco aprovou e apresentou à
Igreja e ao mundo, o resultado dos estudos e reflexões dos dois Sínodos dos
Bispos: A Alegria do Amor. Foram eles: a 3ª Assembleia Extraordinária em
2014 e a 14ª Ordinária em 2015 sobre o tema: A vocação e a missão da família na Igreja e no mundo contemporâneo. Sempre, no final,
os Bispos, representantes do mundo inteiro, aprovam uma série de “Proposições”
sobre o assunto discutido e a apresentam ao Papa para sua ratificação e
comunicação a toda a Igreja.
Decepcionou-se quem esperava uma
revolução no dogma da Igreja a respeito da
indissolubilidade do matrimônio cristão válido. Não precisa ser
católico, basta ser cristão, conforme o artigo da lei da Igreja 1055. Em seu parágrafo 2º, diz esse cânon: “Entre
batizados não pode haver contrato matrimonial válido, que não seja por isso
mesmo sacramento.” E o cânon seguinte, 1056, explica melhor: “As propriedades essenciais do
matrimônio são a unidade (um só para uma só) e a indissolubilidade, que no
matrimônio cristão recebe firmeza especial em virtude do sacramento.” Se é
válido, é indissolúvel. Celebrado e consumado, dizem os comentaristas, não há
poder na terra que o anule. Mas aqui se
trata do sacramento, santo e sagrado e não como a maioria dos que vemos em
nossas grandes cidades e que eu chamo “shows matrimoniais”: onde há de tudo:
vestidos de alto luxo, fotógrafos e cinegrafistas, músicas, luzes especiais -
menos o sagrado, o divino, próprio da matrimônio cristão. De qualquer forma,
permanece o princípio de que não pode receber a Eucaristia quem vive
maritalmente, sem o sacramento. Diz o Papa Francisco no início de sua
Exortação: “A reflexão dos pastores e teólogos
- se for fiel à Igreja, honesta, realista e criativa – ajudar-nos-á a
alcançar maior clareza.”
O
próprio Papa explica bem o rico conteúdo da Exortação: 1º - Ele começa
com uma abertura inspirada na Bíblia, que lhe dá o tom adequado; no 2º
capítulo considera a situação da família
hoje, diz ele “para manter os pés no chão”; no 3º, lembra alguns elementos
essenciais da doutrina da Igreja, com o
título “O olhar fixo em Jesus: a vocação da família” – e aqui entra uma série de citações dos
documentos da Igreja, sobretudo dos últimos Papas, sobre o sacramento do
matrimônio, a transmissão da vida, a educação dos filhos e a relação com a Igreja, “família de famílias,
enriquecida pela vida de todas as Igrejas domésticas”, afirmando com ênfase que
“o amor vivido nas famílias é uma força permanente para a vida da Igreja.” Os
dois capítulos centrais, o 4º e o 5º, que o Papa considera como os mais
importantes, são dedicados ao amor na família, título da Exortação. 0 6º, o
Papa dedica aos novos “caminhos pastorais, que nos levem a construir famílias
sólidas e fecundas, segundo o plano de Deus”. O 7º capítulo, como diz o título,
destina-se a “reforçar a educação dos filhos.” O 8º capítulo, o mais
esperado, trata de como acompanhar,
discernir e integrar a fragilidade humana,
com gradualidade na pastoral, diante de circunstâncias desfavoráveis à
instituição familiar. E conclui o capítulo, comparando as normas com o
discernimento e com a lógica da
misericórdia pastoral. A Exortação conclui com o capítulo 9º sobre a
espiritualidade conjugal e familiar.
“A
alegria do amor que se vive nas famílias, diz o Papa, é também o júbilo da
Igreja. Apesar dos numerosos sinais de crise no matrimônio – como foi observado
pelos Bispos sinodais – o desejo da
família permanece vivo, especialmente entre os jovens, e isso incentiva a
Igreja. Como resposta a esse anseio, a alegria do amor cristão na família é
verdadeiramente uma boa notícia” – conclui Francisco.