quarta-feira, 20 de abril de 2016

DEMOCRACIA

DEMOCRACIA



         O Príncipe Pedro de Bragança afirmou certa vez que “está acabando o tempo de enganar os homens”. Esse é o nosso  Dom Pedro I,  que dissolveu a primeira  Assembleia Constituinte de nossa  história, composta por vários padres e até o bispo do Rio de Janeiro e os maiores políticos do Império que então nascia,  e nomeou  uma comissão que fizesse uma Constituição “digna dele”... Nessa Constituição, a  primeira de nossa história, curiosamente se dizia que o Imperador “era  irresponsável por seus atos,” isto é, não respondia judicialmente a ninguém por suas ações.
Também do Papa no Direito Canônico, cânon 1404, se diz: “Prima Sedes a nemine iudicatur”, isto é: “A Sé Primeira não é julgada por ninguém.” E os bispos, em suas dioceses têm o poder do governo - pastoral, é claro - o poder  de legislar – podem emanar  decretos de validade no território de sua diocese, e o poder de julgar. Esse último, normalmente, é confiado a um tribunal diocesano. O Papa Francisco, recentemente, com a assessoria da Sacra Rota Romana, o mais alto tribunal da Santa Sé,  ampliou esse poder dos bispos para o caso de declaração de nulidade evidente do matrimônio religioso sendo, porém, sempre devidamente assessorado por canonista competente.  
O grande político inglês Sir Wiston Churchill, vitorioso herói da segunda guerra mundial, afirmou certa vez que “a democracia é uma péssima forma de governo, mas até agora não se encontrou uma melhor.” Aristóteles, o famoso filósofo grego do século V antes de Cristo, ensinou que “a democracia teve sua origem na crença de que os homens, sendo iguais em certos aspectos, o seriam em todos.” Balzac, no seu Pensées afirma:  “O socialismo, que se julga jovem, é um velho parricida. Ele sempre mata  a República, sua mãe, e a Liberdade, sua irmã.” Com fina ironia, Chesterton afirmou no New York Times (1/02/1931) que “democracia significa o governo dos que não têm educação, enquanto que aristocracia é o governo dos que foram mal educados”.Com  essa mesma ironia, disse Louis Latzarus, no seu livro “La politique”: “A arte da politica na democracia é fazer o povo acreditar que é ele quem governa.” E James R. Lowell, em seu Biglow Papers fustiga: “A  democracia outorga a cada um o direito de ser o opressor de si mesmo.” Para concluir essa série de citações do Diccionario de citas transcrevo a frase de Von Schiller: “Nas eleições, os votos deveriam ser pesados e não contados” (Demetrius, I).
         A Presidente Dilma Rousseff em sua entrevista aos jornalistas, nesta segunda-feira, dia 11,  afirmou peremptoriamente: “ A democracia é o lado certo da história. Sem ela, não há crescimento econômico nem melhora do nível de emprego”.

         É o que os brasileiros estão esperando...

sábado, 9 de abril de 2016

POLÍTICOS SANTOS

                   Haverá santos entre os políticos? Felizmente podemos já citar alguns.
               Começo pelo famoso prefeito de Florença, Jorge La Pira, duas vezes eleito para o cargo no agitado pós-guerra italiano, de 1951 a 1957 e de 1961 a 1965. Cognominado “o prefeito santo”, já  tem em seu processo de beatificação o título de Servo de Deus.
         Outro político cristão notável da Itália é Igino Giordano (1894-1980). Foi bibliotecário da Biblioteca Vaticana e, com Chiara Lubich, foi fundador do Movimento dos Focolares, onde viveu a política de comunhão. Ativo na vida pública italiana, após a segunda guerra mundial, participou como deputado da Assembleia Constituinte, que deu forma à república italiana. Definia a política como “a caridade em ato”. Tinha no Movimento o nome de Foco. Faleceu em Rocca di Papa na casa dos focolarinos. Também está em curso seu processo de beatificação e canonização.
         Não propriamente político, mas príncipe da casa real da Polônia, Augusto Czartoryski nasceu em 1858 em Paris, onde sua família, herdeira do trono polonês, se exilara. Foi seu preceptor o frade carmelita José Kalinowski, canonizado por S. João Paulo II em 1991. O acontecimento que marcou o rumo de sua vida foi o encontro com Dom Bosco em sua residência em Paris, o Palácio Lambert. Daí nasceu para o príncipe Augusto a plena convicção de que não só era chamado ao sacerdócio, mas que devia sê-lo como salesiano. Dom Bosco relutou quanto pôde em receber um príncipe em sua pobre Congregação, destinada à educação de meninos pobres. Foi uma ordem do Papa Leão XIII que o obrigou a aceitá-lo na humilde Sociedade de S. Francisco de Sales. Recebeu a batina  das mãos de Dom Bosco em 1887 na Basílica de Maria Auxiliadora em Turim, com os colegas de sua turma. Logo se revelou a doença fatal que o levaria à tumba: tuberculose pulmonar. Neste tempo, teve como acompanhante o Servo de Deus, Pe. André Beltrami, o salesiano especial, de quem escrevi no “O Semeador” de 19 de março último. Preparado pelo sofrimento, o príncipe Augusto foi ordenado presbítero em 2 de abril de 1892 e teve brevíssima vida sacerdotal. Partiu para a pátria celeste em 8 de abril de 1893. São João Paulo II, seu conterrâneo, no entardecer de seu pontificado, declarou-o Beato em solene cerimônia, na Praça de São Pedro em Roma, em 24 de abril de 2004.

Termino, lembrando que já o  Beato Paulo VI proclamara que a política é a mais alta forma do exercício da caridade, porque é um  serviço prestado a um povo, que delegou  a alguém poderes especiais na busca do bem comum. O mesmo também ensinou S. João Paulo II em suas viagens ao redor do mundo, lembrando aos homens do poder que eles estavam ali a serviço do povo, para o bem da comunidade humana, e não para seus interesses pessoais.

quinta-feira, 7 de abril de 2016

POLÍTICA E POLITICOS


                O Beato Paulo VI ensinou que a política é a mais alta forma do exercício da caridade, porque é um  serviço prestado a um povo, que delegou  a alguém poderes especiais na busca do bem comum. O mesmo ensinou S. João Paulo II em suas viagens ao redor do mundo, lembrando aos homens do poder que eles estavam ali a serviço do povo, para o bem da comunidade humana, e não para seus interesses pessoais.
                Alguns pensadores são bem severos em suas apreciações sobre a  política e os políticos. D´Alembert em suas Mélanges de litérature ensina que a guerra é a arte de  destruir os homens, da mesma forma que a política é a arte de enganá-los. Maurice Barrès proclama que a política não é assunto próprio de filósofos e moralistas, porque é a arte de tirar de uma situação embaraçosa a melhor escolha possível. Já o conhecido Otto Von Bismarck disse: “A política não é uma ciência, como muitos professores imaginam, mas sim uma arte.” L. Dumur em seus Pétits aforismes denuncia que “a politica é a arte de servir-se  dos homens, fazendo-os crer que se serve a eles.” Já Walter  B. Pitrin em sua obra The twilight of the American Mind é muito severo e pessimista ao afirmar: “Os políticos  são gente semifracassada em seus negócios particulares e profissões. São homens de mentalidade medíocre, moral duvidosa e portentosa vulgaridade.”
                Mas temos também alguns exemplos de políticos notáveis pela seriedade de comportamento.
                Começo com o brasileiro Adroaldo Mesquita da Costa. Foi aluno dos jesuítas de Porto Alegre, onde nasceu em 1894 e onde morreu em 1985. Deputado constituinte em 1946, foi Ministro do Interior no governo Dutra de l947 a 1950. Também jornalista, fundou o Diário de Notícias de Porto Alegre. Notabilizou-se pela retidão de caráter  e  integridade de conduta.
                Jorge La Pira foi prefeito de Florença, em dois períodos do agitado pós-guerra italiano, de 1951 a 1957 e de 1961 a l965. Cognominado “o prefeito santo”, já  tem em seu processo de beatificação o título de Servo de Deus.
                Outro político cristão notável da Itália é Igino Giordano (1894-1980). Foi bibliotecário da Biblioteca Vaticana e com Chiara Lubich é o fundador do Movimento dos Focolares, onde viveu a política de comunhão. Ativo na política italiana, após a segunda guerra mundial, participou como deputado da Assembleia Constituinte, que deu forma à república italiana. Definia a política como “a caridade em ato”. Tinha no Movimento o nome de Foco. Faleceu em Rocca di Papa na casa dos focolarinos. Também está em curso seu processo de beatificação e canonização.
                Temos ainda no Brasil um exemplo de integridade moral e visão esclarecida do bem comum. Curiosamente, seu nome completo era João Augusto Fernandes Campos Café Filho mas ficou conhecido apenas por Café Filho. Nasceu em Natal – Rio Grande do Norte em 1899 e morreu no Rio de Janeiro em 1970. Era  Vice-Presidente de Getúlio Vargas, pelo Partido Social Progressista, quando explodiu a grave  crise, nascida do atentado a Carlos Lacerda na rua Toneleros, no Rio de Janeiro, que matou o Major Vaz. Atribuiu-se sua autoria a Gregório Fortunato, famoso e poderoso guarda-costa de Getúlio. No clima de angústia em que a nação se viu atirada, Vargas dizia que um mar de lama, invadira o Palácio do Catete, sede do governo. Foi aí que, num gesto de nobreza e verdadeiro patriotismo, Café Filho disse a Getúlio: “O que melhor podemos fazer pelo Brasil neste momento é renunciarmos. Eu garanto ao senhor que renunciarei à Presidência, logo que o senhor renunciar.” Mas, infelizmente, Getúlio preferiu “sair da vida e entrar na história” – como ele escreveu - com um tiro de revólver no coração. Café Filho foi Presidente apenas de 24 de agosto de l954 a 8 de novembro de 1955 quando foi deposto.
                Quem sabe? Parece até um bom exemplo para os nossos dias...