quarta-feira, 27 de julho de 2016

OLIMPÍADAS, esporte ou custos?

                “Mens sana in corpore  sano” – diziam os romanos - “mente sadia num corpo  sadio”. O esporte, praticado com equilíbrio mental e no respeito às exigências da ética, é fator de crescimento  moral e saúde do corpo e do espírito.
            A história da origem dos Jogos Olímpicos é controversa. Segundo a lenda, teriam surgido  por volta do ano 2500, antes de Cristo, motivados pelo desejo do deus Hércules de homenagear seu pai Zeus, deus supremo da mitologia grega. Mas o que a história nos diz mesmo é que os primeiros jogos olímpicos aconteceram em 776 a. C. na cidade de Olímpia, para dar uma trégua às contínuas guerras e conflitos entre as cidades-estados do mundo grego. Olímpia tem a ver também com Olimpo, a morada dos deuses, que eram jovens, sadios e, em geral, de boa aparência.
            Com a dominação romana, foram proibidas as manifestações do culto grego e em 392, da era cristã, um decreto do Imperador romano Teodósio I proibiu os Jogos Olímpicos, pelo seu caráter religioso.
            Em 1896, surgiram as Olímpiadas da era moderna. Foram disputadas em Atenas para uma homenagem às Olimpíadas gregas, por iniciativa do francês Pierre de Fredy, barão de Coubertin. Participaram 285 atletas de 13 países.  As disputas foram inicialmente: atletismo, esgrima, luta livre, ginástica, halterofilismo, ciclismo, natação e tênis. Hoje são muito mais.  
São impressionantes os números dos XXXI Jogos Olímpicos a serem disputados na Cidade do Rio de Janeiro de 5 a 21 de agosto próximo. Serão disputadas 28 modalidades esportivas, com a inclusão do rúgbi de sete e do golfe. Esperam-se cerca de 10.500 atletas, de 206 nacionalidades e prevê-se, pela televisão e pelo rádio, uma audiência de mais da metade da população da terra, isto é, cerca de 4,5 bilhões de pessoas ao redor do planeta.
As próximas Olímpiadas serão realizadas em Tóquio, no Japão, em 2020 e as últimas foram em 2012, em Londres, no Reino Unido. Sempre com a distância de quatro anos, conforme a tradição helênica.
E os custos desse mega-espetáculo? Estudo divulgado pela Universidade de Harvard em 2014 – informa o Boletim Salesiano – estimou que os custos são, em média, 252% a mais do que aquele que foi inicialmente previsto. Como exemplo, a Universidade cita que os Jogos de 2012 custaram aos cofres britânicos 18 bilhões de dólares, embora tenham sido previsto antes gastos na ordem de cerca de 6 bilhões. No caso brasileiro, vai haver um aumento expressivo pela necessidade das ações policiais e de inteligência anti-terroristas.  E ao final, quem  vai  pagar essa conta? O povo, é claro...

terça-feira, 19 de julho de 2016

O BANCO MÁGICO

                Tão interessante é um artigo da revista canadense VERS DEMAIN,  que não resisti ao desejo de transmiti-lo aos meus leitores.  Ele  tem por título “A conta do banco mágico”. Essa revista é  publicada pela organização leiga católica dos Pèlerins de Saint Michel, que usa o curioso distintivo de uma boina branca para homens e mulheres e exerce notável atuação no campo social católico no Canadá e nos Estados Unidos.
                É esse o artigo em tradução livre:
                Imagine que você ganhou o prêmio da Loteria ou de um concurso qualquer. Cada manhã alguém deposita em sua conta bancária 86.400 dólares para suas despesas. Mas você terá que respeitar certas regras, que são as seguintes:
                1ª – O que você não utilizar até o fim do dia será perdido.
                2ª – Você não pode transferir esse dinheiro para outra conta.
                3º - Você não pode fazer com esse dinheiro outra coisa, senão gastá-lo.
                4º - Cada manhã são colocados outra vez em sua conta os 86.400 dólares.
                5º -  O banco, sem nenhum aviso prévio, pode fechar sua conta durante o dia, apenas dizendo “Terminou!” e você não terá nenhum recurso para impedir essa decisão do banco.
                Então, o que você tem que fazer? Comprar tudo aquilo de que você tem necessidade imediatamente! Não somente para você, mas também para os que você ama e que contam com você. Mesmo para aqueles que ainda não se encontraram com você, mas você os ama à distância.
                Você terá o maior cuidado para evitar  perder este prêmio até o fim de cada dia.
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                Sim, essa enorme fortuna existe realmente! Essa imensa fortuna é o TEMPO, que nos é dado por Deus  cada manhã e são os 86.400 segundos, que Deus nos concede cada dia para nosso proveito e para fazer o bem aos outros. Cada noite, ele é perdido irrevogavelmente, se não foi devidamente aproveitado durante o dia.
                Pode acontecer também que o Banqueiro divino durante o dia nos tire esse depósito, sem prévio aviso. É a Morte, que pode chegar imprevista e o nosso tempo se acabar.
                O que você não aproveitou durante o dia está perdido para sempre. O tempo passa e se não aproveitarmos dele (dos 86.400 segundos de um dia) está irrevocavelmente perdido.
                Cada manhã, começa de todo a disponibilidade dos 86.400 segundos daquele dia... e que pode ser perdido a qualquer momento do dia, sem aviso prévio pelas mãos da Morte.
                Estes segundos, que Deus nos dá cada dia, realmente valem bem mais do que o equivalente em dinheiro. Cuidemos de aproveitar bem cada segundo do nosso dia, que passa mais rapidamente do que pensamos. Apreciemos profundamente a vida.
                Aproveitemos para o bem a vida que Deus nos dá cada dia, cada segundo do nosso dia. Não nos queixemos da velhice.  Pensemos que muitos outros não tiveram essa chance de fazer o bem e tiveram seus dias abreviados..


terça-feira, 12 de julho de 2016

MULHERES NA IGREJA

          A ascensão da Mulher no mundo político e social em nossos dias é fato notório e incontestável.. Basta ver as várias chefes de estado e de governo, e as candidatas a esses cargos, com maior ou menor êxito. Claro que não podia ser diferente na Igreja, não obstante os vinte séculos de  história machista, também herança cultural das tradições religiosas do judaísmo e da toda a cultura greco-romana, marcadas por  total domínio dos homens e absoluta exclusão do sexo feminino, com raríssimas exceções, como Cleópatra no Egito, com o triste resultado que conhecemos.
                Nos três últimos pontificados, tem-se visto na Igreja notável mudança de atitude diante da participação feminina em seus  órgãos decisórios, desde que por indicação do então Cardeal Ratzinger, Papa S. João Paulo II nomeou duas teólogas para a Comissão Teológica Internacional, depois ampliadas para cinco, já no pontificado de Bento 16.
Neste ano, realizou-se em Roma a assembleia  da União Internacional das Superioras Gerais, com a participação de mais de 800 religiosas, que lotaram um dos maiores hotéis de Roma. Para suas reuniões, contaram com a tradução simultânea em onze línguas, incluindo o idioma coreano, o vietnamita e o chinês. Estudaram e debateram a missão da mulher na visão do mundo de hoje, com o tema: “Tecer a solidariedade global para a vida”,
O Cardeal Pedro Parolin, Secretário de Estado de Papa Francisco, disse que a Igreja hierárquica deve aprender a ouvir as mulheres e essa era uma ocasião imperdível. O modelo de religiosa proposto para o futuro, acrescentou, é muito diferente da freirinha submissa” - como diz uma amiga minha.
As religiosas pretendem tornar-se “mais livres, corajosas, audazes e dispostas” e para isso, precisam ser mais instruídas, capazes de debater, no mesmo nível com os homens,   temáticas fundamentais na vida da Igreja, como a teologia e o direito canônico. Isso, disse a assembleia internacional das religiosas, para se fazer ouvir pela hierarquia eclesiástica com a atenção e o respeito que elas merecem.
“Despertai o mundo! Sêde testemunhas de um modo diverso de pensar, de agir e de viver!” – conclamou Papa Francisco na audiência às religiosas dessa Assembleia, que representavam meio milhão de Irmãs, que trabalham nos cinco continentes.
O Pontífice descreveu depois brevemente as tentações do feminismo e, a mais forte, do clericalismo, isto é, o domínio das mulheres na sociedade e a preponderância do clero no corpo eclesial. E explicou: “O papel da mulher na Igreja não é feminismo, é direito. Direito de batizada com os dons que o Espírito Santo lhe deu.” E explicou o clericalismo como sendo a exclusão do leigo, homem ou mulher, na ação da Igreja e nas decisões eclesiais, destinando-lhe apenas obediente subordinação às determinações dos padres e bispos.
Respondendo à interpelação de uma participante da Assembleia, de que a Igreja possa ser mais aberta a receber o gênio das mulheres num futuro próximo, o  Santo Padre destacou que a mulher encara a vida com um olhar próprio  e o modo de ver um problema, de considerar uma situação, é de maneira diferente do homem. Daí, afirmou Francisco, a necessidade da participação feminina na elaboração das decisões e nas suas realizações, seja pelas mulheres religiosas como leigas.
 E concluo, com a originalidade bem própria  do Papa Francisco: “Recordai-vos bem disso: O que faltaria à Igreja se as religiosas não existissem? Faltaria Maria no Dia de Pentecostes.  A religiosa é ícone da Igreja e de Maria; e a Igreja é feminina, casada com Jesus Cristo.”

Enfim, parece que afinal a Mulher – que a liturgia chama  “devoto femíneo sexu” (o devoto sexo feminino) – terá seu devido lugar na Igreja de Jesus e de Maria, a querida Mãe de Jesus e Mãe da Igreja. 

quinta-feira, 7 de julho de 2016

Uma Santa para as jovens de hoje


                A Santa que o calendário litúrgico comemorou na última quarta-feira,  6 de julho, parece-me ser realmente uma santa para as jovens de hoje: Santa Maria Goretti, virgem e mártir. Num tempo, em que a permissividade sexual chegou ao ponto de que algumas meninas terem vergonha de serem “ainda” (dizem elas) virgens e que brincadeiras, do tipo “virgindade dá câncer”, serem usuais entre as jovens... nesse tempo, Maria Goretti, mártir da pureza aos 12 anos,  se apresenta como  corajoso apelo aos valores da castidade virginal.
                Nasceu ela em 1890 em Corinaldo, no centro da Itália, de família  camponesa, numerosa e muito pobre. Com a morte do pai, foram residir de favor numa localidade perto de Roma (“paese” diz-se na Itália) na casa dos Serenelli,  uma família composta do pai viúvo e dois filhos homens.
 Um deles, de nome Alexandre,  violento e viciado no sexo, enamorou-se de Maria e, por várias vezes, tentou, sem êxito, manter relações sexuais com ela, que tinha que ficar em casa cuidando dos irmãozinhos menores. Até que um dia, em que estavam sozinhos, sem nenhum adulto em casa, Alexandre foi procurar Maria na cozinha, onde ela estava rezando, em união com Deus. De grande força, de maior idade e estatura, Serenelli tentou forçá-la a manter relações sexuais com ele, enquanto ela gritava: ”Não, não, isso é pecado.”  Catorze facadas com uma faca da cozinha foi a trágica resposta do agressor sexual.
                Acudida depois por sua Mãe,  Maria morrendo repetia: “ Sim, eu o perdôo. Lá no céu eu rogarei a Deus para que ele se arrependa. Quero que ele esteja junto comigo na glória celestial”. Assim, Santa Goretti uniu o heroísmo da pureza ilibada, ao heroísmo do sumo e total perdão. Foi o SIM a Deus pela pureza e pelo perdão e o NÃO ao pecado do sexo e ao ódio de qualquer vingança ou castigo que fosse.
                Alexandre Serenelli, depois de cumprir a pena pelo crime de assassinato de uma inocente, reabilitou-se moralmente e foi trabalhar de jardineiro num convento de frades em Roma. Fato único na história da Igreja, o assassino arrependido participou junto com a mãe de sua vítima, que também o perdoou, da cerimônia de sua beatificação na praça de São Pedro, com 400 mil pessoas..
                O Papa Pio XII, que presidiu a solene cerimônia, disse entre outras coisas: “Na vida desta humilde mocinha, pode-se ver um espetáculo, não apenas digno do céu, mas digno também de ser admirado e seguido pelas pessoas do nosso tempo. Esforcemo-nos todos para alcançar a posse do reino dos céus, confiados na graça de Deus. Sirva-nos de estímulo a santa virgem e mártir Maria Goretti. Que ela, da mansão celeste, onde goza da felicidade eterna, interceda por nós junto ao divino Redentor, a fim de que todos, nas condições de vida que são as nossas, sigamos os seus gloriosos passos com generosidade e vontade firme.”

                Maria Goretti é realmente uma santa para os nossos tempos...