quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Mártir da maternidade

                Apesar de já tê-la apresentado em  meu último artigo CASAIS DE SANTOS,  a figura extraordinária e tão oportuna para  nosso tempo de Santa Gianna Beretta, merece destaque especial. É  o que pretendo fazer agora.
                “Extremamente límpida, extremamente graciosa” definiu-a o noivo, engenheiro Pedro Molla. Na Universidade, fôra uma jovem amável, mas decidida e reservada. Todos os dias,  participava da Santa Missa e comungava; rezava diariamente o terço e fazia meia-hora de meditação. Em 1949, formou-se em medicina e se especializou em pediatria em 1952.  “Quem toca o corpo de um paciente, toca o corpo de Cristo” – assim entendeu o exercício da medicina.
                “Caríssimo Pedro” – escreveu ela ao noivo em sua primeira carta. ”Quero realmente te fazer feliz e ser aquela que tu desejas, boa, compreensiva e pronta para os sacrifícios que a vida exigirá de nós.” Preparou-se espiritualmente para receber o Sacramento do Amor com um tríduo de orações,  Santa Missa e comunhão, que propôs ao futuro marido, que o acolheu com todo  entusiasmo. Uniram-se em matrimônio em 24 de setembro de 1955 em Magenta,  Itália. Os dois vivem uma robusta tradição religiosa familiar com profunda vida eucarística, sabiamente inserida na modernidade. Gianna ama o esporte, particularmente o esqui, a música, o teatro. Leva o marido, sempre ocupado como importante chefe industrial, aos concertos de música clássica. Dá vida ao núcleo local da  Ação Católica com promoções várias. Considera esta atividade parte de sua missão de médica. O marido lerá após sua morte os apontamentos com que preparava as reuniões, onde encontrou “uma conexão indissolúvel entre o amor e o sacrifício”.
                Vêm os filhos: Pedro Luiz, Maria Rita e Laura. Na quarta gravidez, eis a inquietadora descoberta: um fibroma no útero. Aqui é necessário esclarecer: Conforme a moral católica,  é lícito realizar uma operação, tendo por finalidade direta extirpar um tumor no útero, mesmo com o risco de indiretamente provocar a morte do feto. Mas Gianna tem sua escala de valores, que coloca em primeiro lugar o direito à vida. Uma cirurgia talvez  a fizesse renunciar àquela maternidade para não  morrer, para não deixar o marido viúvo e os três primeiros filhos órfãos. “Disse-me explicitamente – lembra  o marido Pedro Molla – com tom firme e ao mesmo tempo sereno, com um olhar profundo que nunca esquecerei:  Se é para escolher entre mim e a criança, que está para nascer, nenhuma hesitação: escolha a vida da criança. Eu o exijo! Salve-a.”
                Pedro que conhecia bem a generosidade de Gianna, seu espírito de sacrifício, a força de suas escolhas e decisões,  sentiu-se na obrigação de consciência de respeitá-la.” A opção de Gianna só se pode entender à luz de sua fé, de sua firma convicção  do direito sagrado da vida, do heroísmo de seu amor materno e de sua plena confiança na Providência Divina” – diz o Pe. Ferdinando Colombo  na revista Sacro Cuore de Bolonha.
                E assim, a 21 de abril de 1962, nasce Gianna Emmanuela, perfeita e sadia. Sua mãe a tem nos braços, antes de morrer heroina sete dias depois. Tinha 39 anos.

                S. João Paulo II a declara beata em 24 de abril de 1994. O mesmo Papa santo  a canoniza em 16 de maio de 2004 como verdadeira mártir da maternidade...

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