Mais uma vez a Conferência dos Bispos do Brasil lança, nesta Quaresma,
a Campanha da Fraternidade, desta vez também com caráter ecumênico, a quarta
que se realiza nesta modalidade – não sei se com muita adesão dos cristãos
separados da Igreja Católica – e com apoio internacional da organização de
ajuda alemã MISEREOR. Não duvido da aceitação dos pastores e líderes de outras
denominações cristãs, sobretudo no Sul
do Brasil, mas não creio muito na aceitação dos fiéis cristãos que se dizem
evangélicos, em nosso Nordeste.
O tema, como é sabido, é CASA COMUM, NOSSA
RESPONSABILIDADE e o lema, tirado do
livro do profeta Amós, no capítulo 5,
diz: “Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que
não seca.” Diversamente do profeta, o
acento aí não está no direito, mas sim no “riacho que não seca.”
Obviamente, a
doutrina da Campanha está fortemente ancorada na Encíclica do Papa Francisco Laudato sí, dedicada, como já anuncia no título, ao cuidado
da Casa Comum. Citando seus
predecessores, o Papa refere as sábias palavras do santo e douto Bento XVI: ”O
livro da natureza é uno e indivisível, por isso que a degradação da natureza
está estreitamente ligada à cultura, que molda a convivência humana.” E cita
também o Beato Paulo VI que numa carta apostólica advertia: “Por motivo de uma
exploração inconsiderada da natureza, o ser humano começa a correr o risco de
destruí-la e de vir a ser, ele também, vítima dessa degradação.”
O Reitor Mor dos
Salesianos, em sua mensagem de início de
Ano para todos os 30 grupos da Família Salesiana, cita o Papa Francisco, que
recomendou: “Dom Bosco vos ajude a não frustrar as aspirações profundas dos
jovens: o desejo de colaborar na
construção de um mundo mais justo e fraterno, na tutela da natureza e dos
ambientes de vida.”
O
objetivo geral da Campanha, como está explicitado no texto oficial, é:
“Assegurar o direito ao saneamento básico para todas as pessoas e empenharmo-nos,
à luz da fé, por políticas públicas e atitudes responsáveis que garantam a
integridade e o futuro de nossa Casa Comum.”
Na Oração oficial
da Campanha, entre outras coisas, pedimos ao “Deus justo e misericordioso”: “Tua
Terra, nossa Casa Comum, está em estado deplorável. Que o cuidado para com a
nossa Casa Comum nos dê voz forte para denunciar as formas abusivas de
exploração econômica. Que o saneamento básico e a água potável limpa se tornem
acessíveis a todos os cidadãos.”
Pensamento
bem oportuno é o que recorda o Arcebispo
Primaz, Dom Murilo Krieger, citando o
Presidente John Kennedy: “Não pergunte o que seu país pode fazer por você, mas
pergunte a você mesmo o que você pode fazer pelo seu país.” E lembra o
provérbio popular: “Se cada um varrer a
frente de sua casa, toda a rua ficará limpa.”
Fica
claro que é do esforço de cada um, da responsabilidade de cada cidadão - além
do Governo e da sociedade organizada -
que teremos a preservação ambiental e manteremos limpa nossa Casa Comum.
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