“A vocação e a missão da Família na Igreja e no mundo
contemporâneo” – foi o tema geral do 25º curso anual para os Bispos do
Brasil, promovido pela Arquidiocese do
Rio de Janeiro. O Arcebispo Cardeal Dom Orani João Tempesta, O. Cist. esteve à
frente dessa bela iniciativa, começada pelo saudoso arcebispo do Rio, Cardeal Dom
Eugênio Sales. O Cardeal Orani tem como seu grande auxiliar e organizador –
fazendo os convites em Roma e no mundo acadêmico católico – Dom Karl Romer, já
bispo auxiliar do Rio. Participei de
todos os vinte e cinco cursos até agora realizados, e este fato simples foi
registrado pelo órgão da Arquidiocese “Testemunho de fé”, em
sua edição de 6 de fevereiro, ao qual muito agradeço a gentileza. Lembro bem que
do primeiro curso participou com várias palestras um teólogo alemão, na época, prefeito da Congregação da Doutrina da Fé,
chamado José Ratzinger, depois conhecido mundialmente com outro nome, nosso
querido e inesquecível Papa Bento 16.
Pelos nomes dos
oradores, facilmente se pode avaliar o nível das palestras apresentadas e ampla
e livremente discutidas pelos bispos participantes: Card. Marc Ouelet,
Prefeito da Congregação romana para os Bispos, que devia abordar os
temas: O Matrimônio e a Família na
sacramentalidade da Igreja e Entre o
Bispo, esposo da Igreja e as famílias que tipo de comunhão existe; Mons. Juan José Perez Soba, professor no
Pontifício Instituto para a Família João Paulo II, tratou de dois importantes
assuntos: Grandes temas teológicos e
antropológicos ligados ao matrimônio e A
fé que guia e vivifica a família; Mons. José Granado Garcia, também com dois
temas importantíssimos e muito atuais: A corporalidade do homem e da mulher e a imagem de Deus e A corporalidade na linguagem do amor, na encarnação de Jesus, no pecado
e na redenção; Dom João Carlos Perini, bispo de Camaçari, na
Bahia, apresentou o seu tema: A família no debate cultural e político
contemporâneo e leu também, com alguns comentários e respostas às indagações
dos bispos participantes, os dois temas
do Cardeal Ouellet que, por motivo de saúde e compromissos na Cúria romana, não
pôde afastar-se de Roma naqueles dias e
enviou por escrito seus temas; o Padre Jesus Hortal, jesuíta, já reitor do
Instituto de Direito Canônico do Rio, explicou-nos com muita competência e clareza
a nova sistemática canônica para julgar da validade dos matrimônios, promulgada
pelo Papa Francisco no documento “Mitis
Iudex Dominus Jesus” ( O Senhor
Jesus, manso Juiz).
Éramos 97 bispos, de todos os recantos do país. Na
oportunidade, que me foi oferecida, presidindo a Hora de Vésperas do Ofício
Divino, à tarde, afirmei, sem medo de errar, que mais de 90% dos matrimônios de
famílias ricas, celebrados em nossas igrejas, no centro das grandes cidades,
não têm nada do divino Sacramento do Matrimônio e, portanto, não trazem a marca
canônica da indissolubilidade. As preocupações são: o vestido da noiva, os
convidados da alta sociedade em trajes da moda, muitas vezes, impróprios para
um ato religioso, os cerimoniários e seguranças, a música - às vezes, com
grande orquestra e inadequada para um
ato litúrgico - a iluminação especial, com caminhonetes de fornecimento de
energia elétrica suplementar. Nada de confissão, nada de preparação espiritual,
nada da Eucaristia. São os que eu chamo de “shows matrimoniais”.
Evidentemente, tais matrimônios não têm nada de
indissolúvel...
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