sábado, 6 de fevereiro de 2016

Curso para bispos no Rio de Janeiro

“A vocação e  a  missão da Família na Igreja e no mundo contemporâneo” – foi o tema geral do 25º curso anual para os Bispos do Brasil,  promovido pela Arquidiocese do Rio de Janeiro. O Arcebispo Cardeal Dom Orani João Tempesta, O. Cist. esteve à frente dessa bela iniciativa, começada pelo saudoso arcebispo do Rio, Cardeal Dom Eugênio Sales. O Cardeal Orani tem como seu grande auxiliar e organizador – fazendo os convites em Roma e no mundo acadêmico católico – Dom Karl Romer, já bispo auxiliar do Rio.  Participei de todos os vinte e cinco cursos até agora realizados, e este fato simples foi registrado  pelo  órgão da Arquidiocese “Testemunho de fé”, em sua edição de 6 de fevereiro, ao qual muito agradeço a gentileza. Lembro bem que do primeiro curso participou com várias palestras um teólogo alemão, na época,  prefeito da Congregação da Doutrina da Fé, chamado José Ratzinger, depois conhecido mundialmente com outro nome, nosso querido e inesquecível Papa Bento 16.
                Pelos nomes dos oradores, facilmente se pode avaliar o nível das palestras apresentadas e ampla e livremente discutidas pelos bispos participantes: Card. Marc Ouelet,
Prefeito da Congregação romana para os Bispos, que devia abordar os temas: O Matrimônio e a Família na sacramentalidade da Igreja e Entre o Bispo, esposo da Igreja e as famílias que tipo de comunhão existe;  Mons. Juan José Perez Soba, professor no Pontifício Instituto para a Família João Paulo II, tratou de dois importantes assuntos: Grandes temas teológicos e antropológicos ligados ao matrimônio e A fé que guia e vivifica a família;  Mons. José Granado Garcia, também com dois temas importantíssimos e muito atuais:  A corporalidade do homem e da mulher  e a imagem de Deus e A corporalidade na linguagem do amor, na encarnação de Jesus, no pecado e na redenção;  Dom  João Carlos Perini, bispo de Camaçari, na Bahia, apresentou o seu tema: A  família no debate cultural e político contemporâneo e leu também, com alguns comentários e respostas às indagações dos bispos participantes,  os dois temas do Cardeal Ouellet que, por motivo de saúde e compromissos na Cúria romana, não pôde afastar-se  de Roma naqueles dias e enviou por escrito seus temas; o Padre Jesus Hortal, jesuíta, já reitor do Instituto de Direito Canônico do Rio, explicou-nos com muita competência e clareza a nova sistemática canônica para julgar da validade dos matrimônios, promulgada pelo Papa Francisco no documento “Mitis Iudex Dominus Jesus”  ( O Senhor Jesus, manso Juiz).
                Éramos 97 bispos, de todos os recantos do país. Na oportunidade, que me foi oferecida,  presidindo a Hora de Vésperas do Ofício Divino, à tarde, afirmei, sem medo de errar, que mais de 90% dos matrimônios de famílias ricas, celebrados em nossas igrejas, no centro das grandes cidades, não têm nada do divino Sacramento do Matrimônio e, portanto, não trazem a marca canônica da indissolubilidade. As preocupações são: o vestido da noiva, os convidados da alta sociedade em trajes da moda, muitas vezes, impróprios para um ato religioso, os cerimoniários e seguranças, a música - às vezes, com grande orquestra e  inadequada para um ato litúrgico - a iluminação especial, com caminhonetes de fornecimento de energia elétrica suplementar. Nada de confissão, nada de preparação espiritual, nada da Eucaristia. São os que eu chamo de “shows matrimoniais”.

                Evidentemente, tais matrimônios não têm nada de indissolúvel...

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