No dia 16 deste
mês de agosto, comemoram-se 200 anos do nascimento do Santo fundador da Família
Salesiana, hoje presente nos cinco continentes, com milhões de ex-alunos e ex-alunas. Nasceu João Bosco num humilde casebre na
colina dos Becchi, povoado de Castelnuovo d´Asti, hoje Castelnuovo Don Bosco,
no então reino do Piemonte, no Norte da Itália. Réplica perfeita da casa de sua
infância pode ser visitada na Colônia Salesiana, em Jaboatão dos Guararapes.
Aos nove anos,
ainda semi-analfabeto, teve sonho extraordinário, em que uma Senhora, “de aspecto
majestoso”, o encarregara de cuidar de seus filhos, que
deveriam converter-se de animais ferozes em mansos cordeirinhos. Tarefa
primeira sua era “tornar-se humilde, forte e robusto”, porque “a seu tempo tudo
compreenderás”... dizia a Senhora. No café da manhã, contou aos seus o sonho
que lhe parecia prognóstico de seu futuro. O irmão José opinou que ele seria
pastor de ovelhas, o irmão Antônio, que o detestava, achou que o sonho indicava
que ele seria chefe de bandidos. Mamãe Margarida, alisando os cabelos do filho
querido, prognosticou: “Quem sabe se meu filho não será Padre!” A avó cortou a conversa definindo: “Não se deve dar importância a sonhos.”
Joãozinho, na hora, aderiu à sentença da avó, mas na maturidade confessa que nunca esqueceu o sonho dos 9 anos, nem o
revelou a ninguém, até que o Papa Pio IX
lhe impusesse a obrigação de escrevê-lo em suas Memórias, para
conhecimento de seus filhos espirituais.
Com imensos
sacrifícios, trabalhos e humilhações, João Bosco conseguiu estudar e ordenar-se
sacerdote em 1841, pela unção episcopal de seu primeiro benfeitor, o arcebispo
Fransoni. Ainda com sacrifícios e perseguições, cumpriu a missão que a Senhora do sonho dos 9 anos lhe
confiara.
No dia 8 de
dezembro de 1841, ano de sua ordenação sacerdotal, festa da Imaculada, na
igreja de S. Francisco de Assis, em Turim, Dom Bosco encontrou seu primeiro
aluno, Bartolomeu Garelli. Era um pobre ajudante de pedreiro, vindo do interior, analfabeto, sem nenhum conhecimento da
doutrina cristã. Dom Bosco deu-lhe a primeira aula de catecismo, começando aí o
Oratório S. Francisco de Sales.
O Oratório
peregrinou por vários pontos da capital do Piemonte, até estabelecer-se em Valdocco, bairro de periferia. E assim a vida de Dom Bosco foi toda ela
marcada por incompreensões, perseguições e sofrimentos. Os padres da arquidiocese
o julgavam doido, as autoridades civis elemento perigoso para a ordem pública. Até um
arcebispo, Dom Gastaldi. o considerou insubordinado à autoridade diocesana. No
fim da vida, foi consolado pela amizade e apoio do Cardeal Alimonda, seu último
bispo.
A aprovação
definitiva das Constituições Salesianas custou-lhe penosas viagens a Roma,
enfrentando ferrenha oposição da Cúria Romana, não obstante o carinho paterno e
o apoio pessoal do santo papa Pio IX.
A expansão mundial de sua obra
grandiosa começou com as missões na
Patagônia, ”o fim do mundo,” como a chamou o Papa argentino. E logo sua
Congregação estabeleceu-se em outros países da América Latina. A vez do Brasil foi em 1883, Niterói,
e 1885, São Paulo.
Custou-lhe imensos sacrifícios a construção de suas
duas basílicas: a de Maria Auxiliadora em Turim-Valdocco, e a do Sagrado Coração
em Roma, pedido do Papa Leão XIII, seu
grande protetor. Esse trabalho com viagens à França e pela Itália, implorando
os recursos necessários foi o consumidor
das últimas energias físicas do Santo. A missa que ele celebrou na inauguração
dessa igreja foi o marco do encerramento
de suas atividades, quando ele proclamou
da Senhora de seus sonhos: “Foi Ela que tudo fez!”
Iniciada por Dom Bosco com os Salesianos, as
Filhas de Maria Auxiliadora, a ADMA (Associação dos Devotos de Maria
Auxiliadora) e os Cooperadores
Salesianos (espécie de Ordem Terceira), a Grande Família Salesiana tem hoje
mais de trinta agregados nos cinco continentes. No Brasil, além das quatro
instituições do tempo de Dom Bosco, temos a Canção Nova, com grande trabalho de
evangelização pelos meios de comunicação. Em Maceió, temos a Casa Dom Bosco, dirigida
pelo Pe. Tito Regis, para meninos-de-rua.
Aos 75 anos incompletos, em 31 de janeiro de 1888,
prematuramente esgotado de forças físicas, faleceu cercado do carinho de seus
filhos espirituais, no berço de sua obra em Valdocco - Turim.
“Razão,
religião e carinho” – é o trinômio-base do seu sistema educativo, chamado
Sistema Preventivo. Não de um pedagogo ou teórico da educação, mas de um santo
e um dos maiores educadores do século 19,
é que estamos comemorando dois séculos de nascimento.
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