Na bela idade de 99 anos – faria 100 no próximo setembro – faleceu em
Maceió, no último dia 9 de maio, o Sr.Aloísio Papini. Tendo se aposentado como
Superintendente do Banco do Brasil em São Paulo, em perfeita lucidez, geria
pessoalmente seus negócios. Com o teor de vida de extrema simplicidade, residia
em modesta casa no centro comercial da capital alagoana, que depois doou à Casa
Dom Bosco de Maceió, passando a morar em outra, vizinha, igualmente simples.
Dirigia pessoalmente seu modesto
Wolkswagen e, numa de suas últimas compras, adquiriu seu caixão funerário, o mais simples
que encontrou.
Com imensa gratidão,
a Fundação João Paulo II de Maceió reverencia o Sr. Papini como um de seus
maiores benfeitores, tendo doado espontaneamente, sem sequer o
conhecermos, a terceira e última parte
da construção da atual Casa Dom Bosco. A partir daí, a qualquer solicitação
nossa, ele atendia generosamente, apenas pedindo absoluto sigilo, o que nos
impediu de agradecer de público tanta generosidade. Agora, o Pai Celeste o recompensará por todo o
bem que fez à juventude drogada de
Maceió.
O passamento para a eternidade de nosso grande
benfeitor me leva a tecer aqui algumas considerações sobre o sentido da morte.
O Prof. Pedro
Paulo Monteiro, Mestre em Gerontologia pela PUC de S. Paulo e docente de Geriatria na Universidade Católica de Petrópolis publicou há pouco um
trabalho científico sobre o tema “Envelhecer ou morrer, eis a questão” . Ele
sustenta que o homem deve fazer da velhice uma etapa natural de seu viver e
agir: “Somente se chega ao ápice de si mesmo com disciplina e coragem.
Renunciar ao mundo é renunciar a si mesmo. Maturidade significa ser responsável
por si mesmo: aceitar os desafios e as descobertas” (pg. 81). Aceitar envelhecer é a mensagem desse livro
científico. Pena que lhe falta qualquer transcendência. Seu horizonte é
limitado. Não olha para o infinito. E nós sabemos – nossa fé nos assegura – que
fomos criados para o infinito.
Algumas citações
de sábios da antiguidade sobre a morte: “Para os bons, a morte é um porto de
descanso, para os maus, um naufrágio” (S. Ambrósio). “Para os velhos, a morte
espera atrás da porta, para os moços, numa cilada” (S. Bernardo). “Saio desta
vida - disse Cícero – não como de minha
casa, mas de uma pousada.” E o mesmo, no tratado sobre a velhice, o De senectute: “Tudo o que acontece
naturalmente, devemos considerar como bom – assim a morte.” E com pessimismo,
ensinava Chamfort, poeta francês: “ A vida é uma doença, para a qual o sono dá
algum alívio, mas a morte é o remédio definitivo” (Maximes et pensées).
E Napoleão Bonaparte:”A morte é um sono, sem sonhos”.
Mas a definição mais bela da morte encontrei no número
de abril deste ano, no Bollettino Salesiano, de Turim. É um relato do médico e
oncólogo Dr. Rogério Brandão.
Diz ele: “Após
muitos anos de trabalho profissional de onco-pediatria (câncer de criança), um anjo entrou na minha vida. Meu anjo veio em
forma de uma menina de 11 anos. Muitas vezes a vi chorando durante o tratamento
com procedimentos de quimioterapia e outros. Vi também o medo em seus pequenos
e lindos olhinhos. Mas, certa vez, ela me disse: Quando eu morrer, mamãe vai
ficar com muita tristeza. Mas eu não tenho medo de morrer. Eu não nasci para
esta vida. Então, eu lhe perguntei: O que é a morte para você? E ela: Olhe,
doutor, quando eu era pequenininha, com
frequência ia dormir no quarto de meus pais, mas
de manhã acordava no meu quarto. Pois a morte, doutor, é o contrário. Eu vou adormecer no
meu quarto e vou acordar na Casa de Meu Pai. Essa será minha verdadeira vida.”
Não é possível
fazer qualquer comentário a essas lindas palavras desse anjinho...
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