quarta-feira, 13 de maio de 2015

O QUE É A MORTE?

Na bela idade de 99 anos – faria 100 no próximo setembro – faleceu em Maceió, no último dia 9 de maio, o Sr.Aloísio Papini. Tendo se aposentado como Superintendente do Banco do Brasil em São Paulo, em perfeita lucidez, geria pessoalmente seus negócios. Com o teor de vida de extrema simplicidade, residia em modesta casa no centro comercial da capital alagoana, que depois doou à Casa Dom Bosco de Maceió, passando a morar em outra, vizinha, igualmente simples. Dirigia pessoalmente seu modesto  Wolkswagen e, numa de suas últimas compras,  adquiriu seu caixão funerário, o mais simples que encontrou.
                Com imensa gratidão, a Fundação João Paulo II de Maceió reverencia o Sr. Papini como um de seus maiores benfeitores, tendo doado espontaneamente, sem sequer o conhecermos,  a terceira e última parte da construção da atual Casa Dom Bosco. A partir daí, a qualquer solicitação nossa, ele atendia generosamente, apenas pedindo absoluto sigilo, o que nos impediu de agradecer de público tanta generosidade.  Agora, o Pai Celeste o recompensará por todo o bem que  fez à juventude drogada de Maceió.
                O  passamento para a eternidade de nosso grande benfeitor me leva a tecer aqui algumas considerações  sobre o sentido da morte.
                O Prof. Pedro Paulo Monteiro, Mestre em Gerontologia pela PUC de S. Paulo e docente  de Geriatria na Universidade  Católica de Petrópolis publicou há pouco um trabalho científico sobre o tema “Envelhecer ou morrer, eis a questão” . Ele sustenta que o homem deve fazer da velhice uma etapa natural de seu viver e agir: “Somente se chega ao ápice de si mesmo com disciplina e coragem. Renunciar ao mundo é renunciar a si mesmo. Maturidade significa ser responsável por si mesmo: aceitar os desafios e as descobertas” (pg. 81).  Aceitar envelhecer é a mensagem desse livro científico. Pena que lhe falta qualquer transcendência. Seu horizonte é limitado. Não olha para o infinito. E nós sabemos – nossa fé nos assegura – que fomos criados para o infinito.
                Algumas citações de sábios da antiguidade sobre a morte: “Para os bons, a morte é um porto de descanso, para os maus, um naufrágio” (S. Ambrósio). “Para os velhos, a morte espera atrás da porta, para os moços, numa cilada” (S. Bernardo). “Saio desta vida -  disse Cícero – não como de minha casa, mas de uma pousada.” E o mesmo, no tratado sobre a velhice, o De senectute: “Tudo o que acontece naturalmente, devemos considerar como bom – assim a morte.” E com pessimismo, ensinava Chamfort, poeta francês: “ A vida é uma doença, para a qual o sono dá algum alívio, mas a morte é o remédio definitivo” (Maximes et pensées).
E Napoleão Bonaparte:”A morte é um sono, sem sonhos”.                                      
                Mas a definição mais bela da morte encontrei no número de abril deste ano, no Bollettino Salesiano, de Turim. É um relato do médico e oncólogo Dr. Rogério Brandão.
                Diz ele: “Após muitos anos de trabalho profissional de onco-pediatria (câncer de criança),  um anjo entrou na minha vida. Meu anjo veio em forma de uma menina de 11 anos. Muitas vezes a vi chorando durante o tratamento com procedimentos de quimioterapia e outros. Vi também o medo em seus pequenos e lindos olhinhos. Mas, certa vez, ela me disse: Quando eu morrer, mamãe vai ficar com muita tristeza. Mas eu não tenho medo de morrer. Eu não nasci para esta vida. Então, eu lhe perguntei: O que é a morte para você? E ela: Olhe, doutor,  quando eu era pequenininha, com frequência ia dormir no quarto de meus pais, mas

de manhã acordava no meu quarto. Pois a morte,  doutor, é o contrário. Eu vou adormecer no meu quarto e vou acordar na Casa de Meu Pai. Essa  será minha verdadeira  vida.”

                Não é possível fazer qualquer comentário a essas lindas palavras desse anjinho... 

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