Estranha a entrevista que, em lugar privilegiado, concedeu a
importante revista de circulação nacional Sua Eminência Reverendíssima o Sr.
Cardeal Dom João Braz de Aviz, Prefeito (igual a presidente) da Congregação
para os Institutos da Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica da
Cúria romana.
Estranhas as
comparações que Sua Eminência faz entre o Papa Francisco e o santo e sábio papa
emérito Bento 16. “A principal diferença – diz ele - está na forma de se comunicar.
Vejo o Papa Francisco pelo menos a cada duas semanas. O relacionamento com ele
é direto. Se preciso falar com o Papa, marco uma audiência.” Realmente não
entendi... Estranho que seja ele quem marca a audiência e não o Papa. Pelo menos
a cada duas semanas?... E continua: “Raramente o encontro demora mais de uma
semana para acontecer. Quanto a Bento 16, na última vez que pedi para falar com
ele, o encontro foi marcado para dali a quatro meses. Ele é extremamente tímido, e essa timidez causou
uma dificuldade de comunicação muito grande. Os documentos que enviávamos a ele
passavam antes por diversas instâncias. Muitas vezes já chegavam ao papa com
interpretações que não eram as nossas.” Diz ainda o purpurado: “O Papa Francisco
tem o hábito de mandar bilhetes, sem intermediários. Tenho uns onze guardados.
Todos estão em espanhol: Querido hermano,
a ver si usted me puede ayudar.”
Há ainda outra
coisa estranha nessa entrevista cardinalícia. E é o que se refere aos dois
conclaves, de que participou Sua Eminência. Trata-se da reunião para a eleição
do Papa, a que tomam parte exclusivamente os cardeais, com menos de 80 anos. Na
atual disciplina da Igreja, ele é realizado sob absoluto sigilo. Após as
reuniões preparatórias, em que são discutidos os principais problemas da Igreja
naquele momento, para encaminhar a escolha de um Papa para aquela época, o
prelado que encaminha os trabalhos faz a curiosa proclamação em latim: Extra omnes – “Todos para fora!” A
Guarda Suiça fecha a Capela Sistina por fora, ficando no recinto apenas os
cardeais eleitores e o pessoal de serviço. Daí veio o nome “conclave”, isto é,
”com chave”.
Estranho que o ex-arcebispo de Brasília tenha feito
revelações sobre os dois conclaves de que participou. Do primeiro, diz que teve
muito medo de ser eleito Papa (?). E acrescentou que o Cardeal Martini,
arcebispo de Milão, vendo que podia ser eleito, mostrou as mãos trêmulas e
explicou: “Vejam, estou com Parkinson e piorando. Vocês não podem votar em mim.
Votem em Bergoglio.” “A partir de então, o nome de Ratzinger ganhou força. Foi
Bento 16. Do segundo conclave, que elegeu Papa Francisco, diz o Card. Aviz
claramente: “Votei nele porque era um homem autêntico e simples.” Mas confessou
que tinha uma pontinha de medo, porque – diz expressamente – “Ele é jesuíta...”
Espero que seu anunciado livro – “Eu João” – seja menos estranho...
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