O Sacramento da Confirmação ou Crisma em suas três partes rituais nos
revela claramente a natureza e significado deste sacramento na vida cristã.
Além de ser o Sacramento do Espírito Santo, é também o sacramento dos maduros
na fé, o sacramento da maioridade
cristã.
Na primeira
parte, com a renovação, pessoal e consciente, das promessas feitas no Batismo,
renunciando ao pecado, ao demônio, suas obras e seduções, e a tudo aquilo que desune e leva a oprimir os irmãos, o crismando assume como
adulto na fé a virtude da caridade, que é a virtude essencial da vida cristã.
Em seguida, ele faz a profissão de fé, que seus pais e padrinhos fizeram em
nome dele, no sacramento do Batismo, supondo que ele o recebeu em idade
infantil, antes de ter consciência de seus atos.
A segunda parte
do rito sacramental é a invocação do Espírito Santo com seus sete dons, feita
pela imposição das mãos do ministro, que normalmente é o Bispo, que possui a
plenitude do sacramento da Ordem, em seu terceiro grau. Um presbítero que
administre este sacramento, o fará em nome e por delegação do Bispo.
Por último, vem a
unção sagrada, que é pessoal e individual. Por ela o cristão, considerado
adulto na fé, é investido e consagrado na missão de anunciar Jesus ao mundo e
testificar por seu agir que é cristão e testemunha do Cristo Senhor. O rito
determina que o Bispo faça uma unção na
fronte do crismando com o óleo do Santo Crisma, dizendo: “Fulano ( e diz o seu nome para significar que é
pessoal) recebe por este sinal o Espírito Santo, o Dom de Deus”. O
crismando responde com fé: “Amém”. O
Bispo, tocando a face do crismado acrescenta para significar sua maioridade
cristã: “A paz esteja contigo!”. Ao que, o crismado responde “E contigo
também!”.
Há ainda uma
referência histórica muito significativa na oração sugerida pelo ritual para
encerrar as preces dos fiéis. O Bispo pede a Deus que derrame no coração de
seus filhos, recém-crismados, “os dons que distribuístes outrora no início da
pregação apostólica”. É assim uma
preciosa alusão seja ao primeiro Pentecostes, em Atos 2, 1-41, seja a outras
manifestações do Espírito Santo nos primórdios do cristianismo, exatamente “no
início da pregação apostólica”, como na Samaria, aos neo-convertidos (Atos,
8,17) e na casa do romano Cornélio (Atos, 10, 44-47).
Este é realmente
o Sacramento do Espírito Santo. Explica o grande teólogo brasileiro Pe.
Teixeira-Leite Penido: “Há continuidade entre o dom do Espírito Santo feito a
Jesus pelo Pai e o dom do mesmo Espírito feito por Jesus ao Corpo Místico.” Na
sua despedida, Jesus assegura aos seus apóstolos: “O Espírito Santo descerá
sobre vós e dele recebereis força. Sereis, então, minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e
Samaria, e até os confins da terra.” (At 1,8).
A Crisma é nosso
Pentecostes pessoal. Daí ser preferível
conferi-la na Semana de Pentecostes. E o teólogo Penido faz bela citação da “História
de uma alma” de Santa Teresinha de Jesus, com a qual quero encerrar este
artigo.
Diz a
Santinha de Lisieux, Doutora da Igreja: “Pouco depois de minha Primeira
Comunhão, entrei em retiro para receber a Confirmação. Preparara-me com todo o
cuidado para esta visita do Espírito Santo. Como minha alma estava alegre! À
semelhança dos Apóstolos, eu esperava, feliz, o Consolador prometido; alegrava-me
de ser em breve perfeita cristã e de ter eternamente gravada em minha fronte a
misteriosa cruz da unção desse Sacramento. Não senti o vento impetuoso do
primeiro Pentecostes, mas antes a ligeira aragem, cujo murmúrio o profeta Elias ouvira no monte Horeb. Nesse dia,
recebi a força para sofrer, força que me era necessária, pois o martírio de
minha alma deveria começar pouco depois” (História de uma alma, cap. 4).
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