No dia 12 de maio passado, ocorreu o centenário de
nascimento do Irmão Roger Schutz Marsauche, que conheci no Congresso
Eucarístico Internacional de Lourdes de 1981, em belíssima vigília ecumênica de
preces, organizada pelo s jovens dentro
da programação do Congresso. Era realmente uma “figura frágil de rosto luminoso”
como diz dele o jornal vaticano L´Osservatore Romano. Impressionou-me a
transparência mística, que iluminava sua pessoa de monge e de cristão.
Em 20 de
agosto de 1940, o jovem pastor protestante suíço, Roger Schutz, de 25 anos de idade, chegava de bicicleta a
Taizé, pequena aldeia no topo de uma
colina da Borgonha, perto da famosa abadia de Cluny, na França dividida e dilacerada
pela 2ª guerra mundial. Após longo retiro, na solidão e no silêncio do inverno
de 1953, ele redigiu a regra de Taizé que começa com as palavras: “Irmão, se te
submetes a uma Regra comum, só o podes fazer por causa de Cristo e do
Evangelho. Teu louvor e teu serviço
estão já integrados numa comunidade fraterna, incorporada na Igreja.” Em julho de 1941, o Irmão Roger encontrara-se com Paul
Couturier e Maurice Villain, dois sacerdotes católicos, pioneiros do ecumenismo
na França. Deles escreveu: “Penso que hoje compreendi a partir de dentro a
posição católica romana destes sacerdotes. Os dois entenderam minha
preocupação: a indiferença dos cristãos
diante de nossas divisões.” Surgiu assim a original experiência da uma
comunidade de monges cristãos, católicos e de outras denominações cristãs,
reconhecida pela Santa Sé e pelos
principais responsáveis das Igrejas e confissões cristãs.
O Irmão Roger começou a acolher todos, judeus
perseguidos pelo nazismo, ex-prisioneiros alemães e crianças órfãs da guerra.
Um dos símbolos da comunidade é a grande igreja, chamada da Reconciliação,
construída em comum por franceses e alemães, que ali acorriam no final dos anos
´50. Nessa época, alguns Irmãos de Taizé visitavam escondidamente os cristãos sufocados pelos regimes comunistas
da Europa oriental.
No Brasil, há também uma experiência de Taizé em
Alagoinha, no estado da Bahia: um
mosteiro beneditino ecumênico, que Infelizmente agora passa por grandes
dificuldades pela escassez de vocações. Pelo que fui informado há, no momento,
somente cinco monges católicos e três protestantes.
Inexplicavelmente, aos 90 anos, o Irmão Roger foi
assassinado por um desequilibrado mental durante a oração da noite de 16 de agosto de
2005. Sucedeu-lhe o monge católico Alois Loser.
Indubitavelmente, o Irmão Roger Schutz era um cristão
autêntico...
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