domingo, 9 de abril de 2017

O ULTIMO TESTAMENTO


        É esse o título do recente livro de Peter Seewald, contendo a entrevista, que ele chama de última, com a maior figura da Igreja neste século, o  Papa emérito Bento XVI.
            A capa, com a imagem  serena do Papa santo e sábio, reproduz as palavras do Papa Francisco sobre ele: “Antes de ser grandíssimo teólogo e mestre da fé, Bento XVI é um homem que realmente crê e reza; um homem que personifica a santidade: um homem de paz, um homem de Deus.” Disse ainda o papa atual, citado por Seewald: “ Bento XVI é grande pela força e perspicácia de sua inteligência, grande por sua relevante contribuição para a teologia, grande por seu amor à Igreja e às pessoas, grande por suas virtudes e sua religiosidade. Seu espírito se manifestará de geração em geração, cada vez maior e mais poderoso.”
            Diz ainda o autor citado: “A obra do Papa Bento em três volumes sobre Jesus Cristo torna seu pontificado único. Bento XVI criou com isso parâmetros, um vade mecum  imprescindível para a teologia, a catequese e a formação sacerdotal futuras. Em poucas palavras, o fundamento da doutrina da fé para o terceiro milênio. Não sobre a cátedra universitária, mas sobre a cátedra de Pedro, ela pode fechar este círculo. E nenhum outro tinha a mesma formação, biografia, força e inspiração para purificar com escrúpulo científico e realismo místico a imagem de Jesus, desfigurada até o ponto de tornar-se irreconhecível,  e assim torná-la outra vez acessível à humanidade.”
            Assim explica Sewald a finalidade de seu livro: “Que este livro seja uma pequena contribuição para corrigir imagens falsas, trazer luz à escuridão, especialmente as circunstâncias de sua renúncia, que deixou o mundo desconcertado.   O objetivo é compreender melhor o homem Joseph Ratzinger e o pastor Bento XVI, conhecer sua santidade e, acima de tudo, manter aberto o acesso à sua obra, que guarda um tesouro para o  futuro.”
Sobre sua renúncia, explica o Papa Bento nesta entrevista: “Cheguei à decisão no verão de 2012 (na Europa agosto-outubro). Aquela viagem ao México e a Cube havia exigido muito de mim e o médico me proibira de atravessar outra vez o Atlântico. A Jornada Mundial da Juventude devia acontecer no Rio de Janeiro em 2013, e assim ficou claro para mim que deveria renunciar, a tempo de o novo Papa se preparar para o Rio.” Sobre seu sucessor,  diz o Papa Bento: “É alguém que fica muito perto das pessoas. Talvez eu não tenha estado bastante entre as pessoas. Depois reconheço a coragem com que ele aborda os problemas e busca as soluções.”
Com extraordinária humildade e santa concepção de si próprio, declara o Papa emérito sobre seus pontos fracos: “Talvez a falta de talento para uma condução de governo clara e objetiva para as decisões que surgem delas. Neste sentido, sou mais professor, alguém que reflete e se preocupa com as questões intelectuais. O governo prático não é para mim. Prestei meus serviços durante oito anos. Foi muito difícil aquela época, mas em geral também foi um tempo, no qual muitas pessoas reencontraram a fé e houve também um movimento positivo.”

É assim o grande e humilde Papa, que iluminou com sua fé e sua sabedoria  teológica este nosso conturbado século 21.

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