SE ME MATAREM, RESSUSCITAREI NO POVO SALVADORENHO.
Foi com essa
heroica disposição, que Dom Oscar Romero, arcebispo de San Salvador, na
república de El Salvador – América Central, enfrentou, na defesa de seu povo oprimido,
um regime de feroz repressão social e política.
O amor e a
dedicação que unem Dom Romero ao seu povo estão expressos com perfeição em suas
últimas palavras, pronunciadas antes de ser assassinado, enquanto elevava o
cálice em plena Santa Missa: “Possa este sacrifício do sangue de Cristo,
derramado pelo nosso amor, dar-nos a coragem de oferecer nosso corpo e nosso
sangue pela implantação da justiça e pela paz social e política de nosso
povo.” Nos momentos em que sua corajosa
denúncia das injustiças sociais e o desafio ao iníquo regime opressor se fazia
mais forte e o advertiam do perigo em que ele incorria e acabou consumando-se,
o heroico bispo-mártir repetia a frase que serve de título a este artigo.
Nascido de
família humilde, o segundo entre oito irmãos, Oscar recebeu sua primeira
formação sacerdotal no Seminário de São Domingos, onde ingressou em 1930. Entre
1937 a 1942, vamos encontrá-lo em Roma na Pontifícia Universidade Gregoriana,
dirigida pelos jesuítas, completando sua formação eclesiástica acadêmica. Foi
ordenado sacerdote no dia 4 de abril de 1942 e exerceu o ministério paroquial
por poucos anos, sendo logo nomeado secretário do Bispo diocesano e secretário
da Conferência Episcopal de El Salvador. A 25 de abril de 1970, vem nomeado
bispo auxiliar de San Salvador. E em 15 de outubro de 1974 é feito bispo de
Santiago de Maria, um dos lugares mais pobres de todo El Salvador. Foi aí, no
contato pastoral direto e frequente, com a vida real daquela população, que
vivia em extrema pobreza e esmagada pela feroz opressão de um regime político
opressor, a serviço de um grupo de latifundiários, que Dom Romero se definiu
pelos pobres e oprimidos.
Sua nomeação para arcebispo de San Salvador
em 3 de fevereiro de 1977 vai encontrá-lo decididamente a serviço dos pobres em
contraste com o grupo defensor do status
quo político e econômico dominante.
Em 23 de março de 1980, o arcebispo
Romero convidou abertamente os oficiais e todas as forças armadas a não
cumprirem ordens, que fossem contrárias à moral humana. No dia seguinte, 24 de
março, enquanto celebrava o Santo Sacrifício da Missa, na capela do Hospital da
Divina Providência foi baleado por um assassino, enviado por Roberto D´Aubuisson,
líder do partido nacionalista conservador, a Aliança Republicana Nacional.
S. João Paulo II, no Jubileu do Ano
2000, colocou-o na celebração dos Novos Mártires da Igreja, enquanto o Papa
Francisco, com o decreto de 23 de maio de 2015, reconheceu seu martírio como in odium fidei, em ódio à fé, elevando-o
assim à honra dos altares como beato, em solene celebração em San Salvador a 23
de maio de 2015.
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