segunda-feira, 21 de novembro de 2016

UM FILHO, PRESENTE DE DEUS


Visitei nesses dias um casal amigo, que me chama de “avô”. Estavam muito felizes pela chegada de seu primeiro filho. Fiquei pensando na riqueza e no sentido de receber de Deus esse grande dom:  um filho.
            Escrevi em Maceió em minha Carta Pastoral sobre a Família, a que mais me alegra e a que mais estimo: “Todos devem considerar o filho como a fortuna, a preciosidade e o tesouro de um lar. Nenhum bem material, nenhuma riqueza terrena, pode comparar-se a um filho. Um lar sem filhos é um lar vazio. É uma casa triste. É uma família incompleta. Muitas vezes é sem culpa dos esposos. Mas um casal sem filhos não deixa de ser fato desolador. O filho é a encarnação do amor do pai e da mãe. No filho, o amor se faz pessoa. Como o Cristo é a encarnação do Verbo, assim o filho que vem à vida é o amor dos dois esposos, que se faz criatura humana. O filho é a perpetuação do milagre da criação. Os pais se tornam co-criadores com Deus, que por amor criou o universo. Assim, eles por amor, associam-se à obra criadora de Deus e têm, no filho, a concretização desse amor. Todo filho repete em si a pessoa do pai e da mãe e testemunha ao mundo o amor de seus pais, que o geraram no amor e pelo amor. “
            E a seguir, cito o ensinamento da Conferência Episcopal Latino-americana de Puebla em 1979: “Cristo, ao nascer, assumiu a condição da criança: pobre e sujeita aos pais. Toda criança, imagem de Jesus que nasce, deve ser acolhida com carinho e bondade. Ao transmitir a vida a um filho, o amor conjugal produz uma pessoa, nova, singular, única e irrepetível. O rosto de Cristo transparece no rosto da criança que se deseja e se traz livremente à vida” (Puebla, n.584).
            E concluí na citada Carta Pastoral:  “Aí temos toda a maravilhosa fecundidade do amor, que gera filhos, isto é, criaturas humanas, perpetuadoras do milagre da criação e continuadoras da aventura humana sobre a Terra”.
            Nosso poeta João Cabral de Melo Neto, em seu admirável poema “Morte e vida severina”, escreve com humor: “Conversais e não sabeis que vosso filho é chegado? Estais aí conversando em vossa prosa entretida: não sabeis que vosso filho saltou para dentro da vida? Saltou para dentro da vida ao dar seu primeiro grito; e estais aí conversando; pois sabei que ele é nascido.”

            O filho do rico e o filho do pobre Severino da Maria do Zacarias são o mesmo dom de Deus, que enriquece a família, alegra a sociedade e traz em si as esperanças de um mundo melhor. 

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