Após atrair as atenções da mídia mundial com seu
decreto “motu próprio” Jesus Cristo, o
Juiz Clemente, reafirmando a
santidade e indissolubilidade do verdadeiro matrimônio cristão e simplificando
o processo de declaração de uma nulidade evidente, o Supremo Legislador da
Igreja, o Papa Francisco, voltou agora a atrair as atenções da imprensa mundial
na semana passada, de 19 a 26 deste, com sua viagem a Cuba e aos Estados Unidos.
Cuba era para a colonização espanhola nas Américas
a pérola do Caribe. Cedida aos Estados Unidos em 1898, tornou-se realmente
independente em 1902, permanecendo em poder dos americanos a base naval de
Guantánamo. Como foi a última colônia perdida na América pela Espanha, dizia-me
um amigo que, para consolar-se de alguma perda, os espanhóis dizem: “Eh! más se
perdió en Cuba!”
Arrasada e reduzida à miséria pela ditadura
castrista, viu-se desamparada após o esfacelamento do Império Soviético, desde
a queda do Muro de Berlim em 1969 . Aqui é bom lembrar que Fidel é ex-aluno jesuíta e rezava o terço em
Sierra Maestra, para a vitória da Revolução contra o ditador Fulgêncio Batista.
É claro que o embargo econômico, que os Estados
Unidos impuseram a Cuba por décadas, só fez sofrer o heroico povo cubano,
porque os líderes comunistas passavam muito bem, sem as esmolas dos americanos.
Um alto prelado brasileiro, inclusive purpurado, afirmou num devaneio que Cuba
era a realização do paraíso terrestre. Mas uma esclarecida religiosa cubana,
que participou em Itaici de uma reunião continental sobre Vocações, me dizia
enfaticamente que só falava bem de Cuba quem não residia lá.
A imprensa divulgou que o velho Fidel presenteou o
Papa com um livro de Frei Betto sobre Cuba. Frei Betto, nos primeiros anos do
governo Lula, ocupava uma sala no Palácio do Planalto, vizinha à sala do
Presidente, como seu assessor particular. Mas logo deixou esse cargo e escreveu
um livro, intitulado “A Mosca Azul”. Diz-se
que essa mosca, picando uma pessoa,
provoca delírios de grandeza.
Papa Francisco esteve em três cidades cubanas: a capital, Havana, em Holguin e em Santiago
de Cuba, onde venerou a padroeira da Ilha caribenha, Nossa Senhora do Rosário
do Cobre e aí se despediu do sofredor e heroico povo cubano.
De Cuba, o
Papa Francisco foi para os Estados Unidos. Cito o insuspeito Michail Gorbachev
em seu livro-programa “Perestroika – novas ideias para o meu país e o mundo” :
“Os Estados Unidos da América têm uma grande história. Quem pode questionar a
importância da revolução americana para o progresso social da humanidade ou o
gênio tecno-científico dos EUA e suas realizações na literatura, arquitetura e
arte? Tudo isso pertence aos EUA” (pg. 253 da versão portuguesa). Mas os EUA
são também a terra da bomba atômica, lançada no Japão, nos estertores da
derrota militar, para mostrar à União Soviética (já começava a guerra fria) seu
insuperável poderio de destruição. É o País que se arvorou em Polícia mundial,
com as absurdas guerras do Vietnã, da Coréia e ainda recentemente, com a
intervenção no Afeganistão contra o talibã. Sofreu o atentado contra as Torres
Gêmeas e o Pentágono, que mostrou também seu lado fraco.
O Santo Padre teve encontro particular com o
Presidente Obama. Nele – dizem os jornais – terá discutido temas como justiça
social e econômica, mudanças climáticas e integração de imigrantes. O
Presidente, nos jardins da Casa Branca, diante de mais de 10.000 pessoas,
elogiou a humildade e simplicidade de Francisco e agradeceu seu apoio inestimável
na histórica aproximação, iniciada em 2014 entre Havana e Washington. Papa
Francisco falou ainda no Congresso Americano, com 31% de católicos – o primeiro papa que o faz – e em
Nova Iorque, discursou na Assembleia Geral das Nações Unidas, seguindo a
tradição de seus três últimos predecessores.
Em Filadélfia, cidade-berço da democracia
americana, com a convenção das 13 colônias inglesas numa sala modesta, que
ainda hoje se conserva, como em 1775, e o sino da liberdade, o Papa encerra a Jornada Mundial das Famílias e se
despede do continente americano.
Assim Francisco, com sua encantadora simplicidade e
extraordinária popularidade, trouxe bênçãos e graças para a América.
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