terça-feira, 12 de julho de 2016

MULHERES NA IGREJA

          A ascensão da Mulher no mundo político e social em nossos dias é fato notório e incontestável.. Basta ver as várias chefes de estado e de governo, e as candidatas a esses cargos, com maior ou menor êxito. Claro que não podia ser diferente na Igreja, não obstante os vinte séculos de  história machista, também herança cultural das tradições religiosas do judaísmo e da toda a cultura greco-romana, marcadas por  total domínio dos homens e absoluta exclusão do sexo feminino, com raríssimas exceções, como Cleópatra no Egito, com o triste resultado que conhecemos.
                Nos três últimos pontificados, tem-se visto na Igreja notável mudança de atitude diante da participação feminina em seus  órgãos decisórios, desde que por indicação do então Cardeal Ratzinger, Papa S. João Paulo II nomeou duas teólogas para a Comissão Teológica Internacional, depois ampliadas para cinco, já no pontificado de Bento 16.
Neste ano, realizou-se em Roma a assembleia  da União Internacional das Superioras Gerais, com a participação de mais de 800 religiosas, que lotaram um dos maiores hotéis de Roma. Para suas reuniões, contaram com a tradução simultânea em onze línguas, incluindo o idioma coreano, o vietnamita e o chinês. Estudaram e debateram a missão da mulher na visão do mundo de hoje, com o tema: “Tecer a solidariedade global para a vida”,
O Cardeal Pedro Parolin, Secretário de Estado de Papa Francisco, disse que a Igreja hierárquica deve aprender a ouvir as mulheres e essa era uma ocasião imperdível. O modelo de religiosa proposto para o futuro, acrescentou, é muito diferente da freirinha submissa” - como diz uma amiga minha.
As religiosas pretendem tornar-se “mais livres, corajosas, audazes e dispostas” e para isso, precisam ser mais instruídas, capazes de debater, no mesmo nível com os homens,   temáticas fundamentais na vida da Igreja, como a teologia e o direito canônico. Isso, disse a assembleia internacional das religiosas, para se fazer ouvir pela hierarquia eclesiástica com a atenção e o respeito que elas merecem.
“Despertai o mundo! Sêde testemunhas de um modo diverso de pensar, de agir e de viver!” – conclamou Papa Francisco na audiência às religiosas dessa Assembleia, que representavam meio milhão de Irmãs, que trabalham nos cinco continentes.
O Pontífice descreveu depois brevemente as tentações do feminismo e, a mais forte, do clericalismo, isto é, o domínio das mulheres na sociedade e a preponderância do clero no corpo eclesial. E explicou: “O papel da mulher na Igreja não é feminismo, é direito. Direito de batizada com os dons que o Espírito Santo lhe deu.” E explicou o clericalismo como sendo a exclusão do leigo, homem ou mulher, na ação da Igreja e nas decisões eclesiais, destinando-lhe apenas obediente subordinação às determinações dos padres e bispos.
Respondendo à interpelação de uma participante da Assembleia, de que a Igreja possa ser mais aberta a receber o gênio das mulheres num futuro próximo, o  Santo Padre destacou que a mulher encara a vida com um olhar próprio  e o modo de ver um problema, de considerar uma situação, é de maneira diferente do homem. Daí, afirmou Francisco, a necessidade da participação feminina na elaboração das decisões e nas suas realizações, seja pelas mulheres religiosas como leigas.
 E concluo, com a originalidade bem própria  do Papa Francisco: “Recordai-vos bem disso: O que faltaria à Igreja se as religiosas não existissem? Faltaria Maria no Dia de Pentecostes.  A religiosa é ícone da Igreja e de Maria; e a Igreja é feminina, casada com Jesus Cristo.”

Enfim, parece que afinal a Mulher – que a liturgia chama  “devoto femíneo sexu” (o devoto sexo feminino) – terá seu devido lugar na Igreja de Jesus e de Maria, a querida Mãe de Jesus e Mãe da Igreja. 

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