A ascensão da Mulher no mundo político e social em nossos dias é fato
notório e incontestável.. Basta ver as várias chefes de estado e de governo, e
as candidatas a esses cargos, com maior ou menor êxito. Claro que não podia ser
diferente na Igreja, não obstante os vinte séculos de história machista, também herança cultural
das tradições religiosas do judaísmo e da toda a cultura greco-romana, marcadas
por total domínio dos homens e absoluta
exclusão do sexo feminino, com raríssimas exceções, como Cleópatra no Egito,
com o triste resultado que conhecemos.
Nos três últimos
pontificados, tem-se visto na Igreja notável mudança de atitude diante da
participação feminina em seus órgãos
decisórios, desde que por indicação do então Cardeal Ratzinger, Papa S. João
Paulo II nomeou duas teólogas para a Comissão Teológica Internacional, depois
ampliadas para cinco, já no pontificado de Bento 16.
Neste ano, realizou-se em Roma a assembleia da União Internacional das Superioras Gerais,
com a participação de mais de 800 religiosas, que lotaram um dos maiores hotéis
de Roma. Para suas reuniões, contaram com a tradução simultânea em onze línguas,
incluindo o idioma coreano, o vietnamita e o chinês. Estudaram e debateram a
missão da mulher na visão do mundo de hoje, com o tema: “Tecer a solidariedade
global para a vida”,
O Cardeal Pedro Parolin, Secretário de Estado de
Papa Francisco, disse que a Igreja hierárquica deve aprender a ouvir as
mulheres e essa era uma ocasião imperdível. O modelo de religiosa proposto para
o futuro, acrescentou, é muito diferente da freirinha submissa” - como diz uma
amiga minha.
As religiosas pretendem tornar-se “mais livres,
corajosas, audazes e dispostas” e para isso, precisam ser mais instruídas,
capazes de debater, no mesmo nível com os homens, temáticas fundamentais na vida da Igreja, como
a teologia e o direito canônico. Isso, disse a assembleia internacional das
religiosas, para se fazer ouvir pela hierarquia eclesiástica com a atenção e o
respeito que elas merecem.
“Despertai o mundo! Sêde testemunhas de um modo
diverso de pensar, de agir e de viver!” – conclamou Papa Francisco na audiência
às religiosas dessa Assembleia, que representavam meio milhão de Irmãs, que
trabalham nos cinco continentes.
O Pontífice descreveu depois brevemente as
tentações do feminismo e, a mais forte, do clericalismo, isto é, o domínio das
mulheres na sociedade e a preponderância do clero no corpo eclesial. E
explicou: “O papel da mulher na Igreja não é feminismo, é direito. Direito de
batizada com os dons que o Espírito Santo lhe deu.” E explicou o clericalismo
como sendo a exclusão do leigo, homem ou mulher, na ação da Igreja e nas
decisões eclesiais, destinando-lhe apenas obediente subordinação às
determinações dos padres e bispos.
Respondendo à interpelação de uma participante da
Assembleia, de que a Igreja possa ser mais aberta a receber o gênio das
mulheres num futuro próximo, o Santo
Padre destacou que a mulher encara a vida com um olhar próprio e o modo de ver um problema, de considerar
uma situação, é de maneira diferente do homem. Daí, afirmou Francisco, a
necessidade da participação feminina na elaboração das decisões e nas suas
realizações, seja pelas mulheres religiosas como leigas.
E concluo,
com a originalidade bem própria do Papa
Francisco: “Recordai-vos bem disso: O que faltaria à Igreja se as religiosas
não existissem? Faltaria Maria no Dia de Pentecostes. A religiosa é ícone da Igreja e de Maria; e a
Igreja é feminina, casada com Jesus Cristo.”
Enfim, parece que afinal a Mulher – que a liturgia
chama “devoto femíneo sexu” (o devoto sexo feminino) – terá seu devido
lugar na Igreja de Jesus e de Maria, a querida Mãe de Jesus e Mãe da Igreja.
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