sexta-feira, 25 de março de 2016

PILATOS, O POLÍTICO

O Império Romano era um império tributário. No tempo de Jesus, já havia conquistado todas as nações banhadas pelo Mar Mediterrâneo,  que ele chamava mare nostrum “o  nosso mar”. De todas elas, respeitava a cultura, a religião e suas tradições, contanto que pagassem o tributo, que ia enriquecer Roma. E a forma de cobrança do tributo também era original: os homens ricos, que concordavam com a dominação romana, compravam o direito de cobrar o imposto do Império e ficavam recebendo dos cidadãos o imposto devido a Roma. Eram  os que a Bíblia chama de “publicanos”. Mateus, o apóstolo e primeiro evangelista,  era um deles. Chamado por Jesus,  abandonou a banca de cobrança dos impostos  e seguiu o Mestre. Daí, a suprema autoridade de cada colônia, que  representava o  Imperador,  chamar-se “procurador romano”. Pilatos, envolvido na paixão de Jesus, era um deles.
Sua filosofia política era simples – e eu diria até bem atual: conservar seu cargo acima de tudo. Não importam  a justiça, a verdade ou o direito. O relevante mesmo era conservar sua  posição política. Tudo o mais era secundário: a equidade, a sinceridade, punir o culpado,  absolver o inocente  injustamente acusado. Nada disso tinha a menor importância. A advertência de sua esposa, o breve interrogatório que fez a Jesus, a comparação entre  Jesus e Barrabás, ladrão e assassino, nada disso valeu para sua sentença. Mandou flagelar Jesus, depois de declarar sua inocência. A flagelação romana era algo de diabolicamente cruel, tanto que nenhum cidadão romano podia ser flagelado. A medida eram as forças do algoz e a sobrevivência da vítima.
E Pilatos declarou explicitamente: “Não encontro nada neste justo. Vou mandar flagelá-lo e depois o  soltarei.”   Mas aí surgiu o grande argumento para condenar Jesus.  A  multidão bradou: “Se o soltas, não és amigo de César, porque quem se faz rei é  inimigo de  César”. Então, ele lavou as mãos e proclamou: “Sou inocente do sangue desse justo.”  E entregou Jesus a eles para que o crucificassem – o horrendo suplício da cruz!

         Tudo, menos perder o cargo e a amizade do César, imperador romano – era a filosofia política de Pilatos. E parece até bastante atual...

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