O
Império Romano era um império tributário. No tempo de Jesus, já havia
conquistado todas as nações banhadas pelo Mar Mediterrâneo, que ele chamava mare nostrum “o nosso mar”.
De todas elas, respeitava a cultura, a religião e suas tradições, contanto que
pagassem o tributo, que ia enriquecer Roma. E a forma de cobrança do tributo
também era original: os homens ricos, que concordavam com a dominação romana,
compravam o direito de cobrar o imposto do Império e ficavam recebendo dos
cidadãos o imposto devido a Roma. Eram
os que a Bíblia chama de “publicanos”. Mateus, o apóstolo e primeiro
evangelista, era um deles. Chamado por
Jesus, abandonou a banca de cobrança dos
impostos e seguiu o Mestre. Daí, a suprema
autoridade de cada colônia, que
representava o Imperador, chamar-se “procurador romano”. Pilatos, envolvido
na paixão de Jesus, era um deles.
Sua
filosofia política era simples – e eu diria até bem atual: conservar seu cargo
acima de tudo. Não importam a justiça, a
verdade ou o direito. O relevante mesmo era conservar sua posição política. Tudo o mais era secundário:
a equidade, a sinceridade, punir o culpado,
absolver o inocente injustamente
acusado. Nada disso tinha a menor importância. A advertência de sua esposa, o
breve interrogatório que fez a Jesus, a comparação entre Jesus e Barrabás, ladrão e assassino, nada
disso valeu para sua sentença. Mandou flagelar Jesus, depois de declarar sua
inocência. A flagelação romana era algo de diabolicamente cruel, tanto que
nenhum cidadão romano podia ser flagelado. A medida eram as forças do algoz e a
sobrevivência da vítima.
E
Pilatos declarou explicitamente: “Não encontro nada neste justo. Vou mandar
flagelá-lo e depois o soltarei.” Mas aí surgiu o grande argumento para
condenar Jesus. A multidão bradou: “Se o soltas, não és amigo
de César, porque quem se faz rei é
inimigo de César”. Então, ele
lavou as mãos e proclamou: “Sou inocente do sangue desse justo.” E entregou Jesus a eles para que o
crucificassem – o horrendo suplício da cruz!
Tudo, menos perder o cargo e a amizade
do César, imperador romano – era a filosofia política de Pilatos. E parece até
bastante atual...
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